Resumo |
A agricultura familiar é instrumento importante de desenvolvimento local, contribui para segurança e soberania alimentar e evidencia a participação da mulher na produção e economia familiar. A formação dos quintais ao redor das casas tem-se constituído como importante estratégia de subsistência através da criação de pequenos animais. Procurando maior integração entre criação a animal e a produção agroecológica, o projeto de extensão Criação Animal na Transição Agroecológica: aprofundando reflexões e intervenções em manejo nutricional e sanitário investigou a contribuição da criação de galinha caipira para o autoconsumo e complementação da renda dos agricultores/as familiares do município de Divino-MG, cujas famílias são co-protagonistas do projeto. Foram realizadas dez entrevistas, sendo cinco realizadas com integrantes da Comissão de Mulheres, grupo associado ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Divino, as demais foram realizadas com famílias indicadas ou participantes de intercâmbios articulados pelo CTA-ZM, parceiro do projeto. Foi utilizado roteiro semiestruturado para a sistematização das experiências das famílias considerando aspectos relacionados ao manejo nutricional e sanitário e instalações para os animais. A maioria das entrevistas foi respondida por mulheres, já que eram as responsáveis pela criação de galinhas. As instalações são simples, visa o bem estar animal. Os galinheiros estão localizados nos quintais das casas das famílias para facilitar o manejo. Para alimentação das aves, as/os agricultoras/es fazem uso de diversos alimentos produzidos na própria propriedade, sendo também costume ter árvores frutíferas dentro do galinheiro. O milho aparece como ingrediente principal seguido da mandioca, hortaliças, frutas, legumes, soro de leite, casca de ovos e sal mineral. Mesmo com a diversidade de alimentos existentes nas propriedades, identificamos agricultoras/es ainda dependentes do uso de ração convencional adquiridos em mercados locais. Uma família relatou ter aprendido em oficina realizada pelo Grupo Animais para Agroecologia a utilizar uma mistura de fubá, cana e mandioca moída como ração, percebendo que após o uso as aves passaram a produzir mais ovos e retornaram a postura rapidamente depois da troca de penas. As principais enfermidades relatadas foram diarreia e coriza infecciosa; para o tratamento dos casos, algumas famílias utilizam remédios receitados em lojas de produtos agropecuários. Algumas famílias relataram o uso de plantas medicinais (Melão de São Caetano, alho) para prevenção de enfermidades. Os resultados demonstram que a criação de galinhas caipiras está integrada a outras atividades produtivas nas propriedades, principalmente, no que se refere à ciclagem de nutrientes/alimentos. A atividade contribui para a segurança e soberania alimentar das famílias, além de incrementar a fonte de renda dos/as agricultores/as. |