Resumo |
O aumento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera durante as últimas décadas tem despertado crescente interesse na função desse gás no crescimento e no desenvolvimento das plantas. Apesar da conhecida associação entre concentração de CO2 ([CO2]) elevada e o crescimento das plantas, seus efeitos na regulação do metabolismo primário coordenado pelas giberelinas (GAs) são, ainda, pouco conhecidos. Assim, o presente trabalho objetivou investigar se o efeito da concentração reduzida de GAs no crescimento é resultado, ou é modulado por mudanças simultâneas nos níveis de carboidratos nas plantas. Para isso, sementes de tomate do tipo selvagem (Solanum lycopersicum L. cv Moneymaker) e sementes de plantas mutante deficientes na biossíntese de GAs (W335) foram semeadas em solo em vasos plásticos com 3 L de capacidade. Três semanas após a semeadura das sementes procedeu-se o desbaste das plântulas deixando-se apenas uma planta por vaso. Em seguida, as plantas foram cultivadas em câmaras de topo aberto sob concentração ambiente (400 µmol CO2 mol-1) e sob elevada concentração de CO2 (750 µmol CO2 mol-1), por um período de 21 dias. O mutante apresentou uma significativa redução na biomassa total da planta em relação às plantas selvagens mantidas a [CO2] ambiente. Uma imagem completamente diferente para o crescimento do mutante W335 surgiu quando as plantas foram cultivadas sob [CO2] elevada. Nesse contexto, a redução do crescimento do mutante W335 foi completamente revertida quando as plantas foram mantidas sob [CO2] elevada. A inibição da biossíntese das GAs fez também reduzir significativamente a taxa de fotossíntese líquida por unidade de massa seca do mutante, quando comparadas com as plantas do tipo selvagem cultivadas sob [CO2] ambiente. Isso coincidiu com os menores níveis de glicose, frutose, sacarose e amido nas folhas do mutante W335 cultivadas sob [CO2] ambiente, em comparação com as plantas selvagens. Entretanto, os efeitos na inibição da fotossíntese e nos níveis de carboidratos do mutante W335 cultivadas sob [CO2] ambiente foram revertidos quando as plantas foram crescidas sob [CO2] elevada. Juntos, esses resultados podem ser explicado pelo fato de que a [CO2] elevada acopla o crescimento das plantas deficientes em GAs à disponibilidade de carbono. Uma questão importante é compreender como os níveis de CO2 são detectados nas plantas com reduzida biossíntese de GAs, e como a estreita coordenação do crescimento e do metabolismo primário é alcançar em plantas cultivadas em um ambiente com mudanças nas concentrações de CO2. |