Resumo |
Atualmente, observa-se que um dos discursos mais afetados pelo processo de midiatização tem sido o religioso; as igrejas têm recorrido a diversas formas de comunicação para tentar ampliar seu espaço de atuação, que extrapola os templos e invade os lares dos fiéis. O trabalho apresentado foi iniciado em março de 2015 e faz parte de um projeto de pesquisa que está em andamento, financiado pela Fapemig. A partir desse estudo, buscamos verificar como as igrejas se utilizaram da mídia para promover uma doutrinação não apenas religiosa, mas também política, no período que antecedeu as recentes eleições presidenciais 2014 no Brasil. Essa investigação se fez a partir do estudo de orientações políticas difundidas no espaço da mídia por religiosos que adquiriram estatuto de celebridades e de formadores de opinião: Padre Fábio de Melo e Dom Odilo Scherer, representantes da igreja católica; Silas Malafaia e Pastor Lucinho, representantes da igreja evangélica, respectivamente, Assembleia de Deus e Batista Lagoinha. Objetivamos com essa pesquisa, analisar a interseção entre os discursos religioso e político no período das eleições presidenciais de 2014 no Brasil. Para isso, selecionamos como corpus de nossa pesquisa quatro vídeos, um de cada representante. Esses dados foram capturados do youtube, onde os vídeos encontram-se disponíveis à todos os públicos. Posteriormente, fizemos a transcrição e análise dos dados, com ênfase na aplicação dos conceitos ligados à Análise do Discurso, aos modos de organização do discurso e à Teoria Semiolinguística propostos por Patrick Charaudeau, buscando na sequência relacionar os modos com a análise e interpretar a posição da igreja sobre a participação dos cristãos na vida política, visando articular essa discussão com as considerações sobre religião e poder/estado. Como a pesquisa ainda está em andamento, observamos, nas análises feitas até o momento, uma tendência da igreja evangélica e católica, através do discurso dos representantes em questão, a orientar seus fieis e convencê-los a participarem da política, ressaltando que os cristãos devem ter participação social. Isso pode ser dito, com base nos dados filtrados até o momento, já que todos os representantes defendem a participação na vida social e política, pedem atenção dos cristãos para os candidatos que irão eleger e buscam conduzir os fiéis à formarem consciência política. |