Resumo |
Recentemente, a Igreja Católica passou por diversos momentos de crise, marcados por críticas e polêmicas, que teriam culminado com a renúncia do Papa Bento XVI. Atualmente, a presença do novo papa Francisco, tem surpreendido os fiéis, a mídia e a sociedade de forma geral, por sua postura diferenciada e comportamento inusitado. Desde sua primeira aparição, Francisco se mostrou uma figura bastante peculiar quando, por exemplo, inclinou a cabeça e pediu aos fiéis que orassem por ele, antes de lhes conceder a benção, fugindo assim dos costumes e protocolos cerimoniais da Igreja. Francisco também marca a história do catolicismo por ser o primeiro papa latino-americano. Outro elemento bastante representativo dessa nova postura papal diz respeito ao nome que os papas escolheram adotar após serem eleitos. O primeiro, o alemão Joseph Ratzinger, justificou a escolha à sua homenagem a São Bento, santo que é patrono da Europa, além de homenagear Bento XV, papa esse que segundo Ratzinger foi um profeta da paz. Já a escolha do argentino Jorge Mario Bergoglio remete a São Francisco de Assis, santo que optou pela pobreza, renunciando todos os seus bens e dedicando-se inteiramente aos pobres. Tendo em vista esse cenário, objetivamos com esse artigo entender como acontece a construção dos ethé dos Papas Bento XVI e Francisco a partir da escolha de seus novos nomes, investigando como essa opção interfere na imagem que eles tentam construir de si através do discurso. Para isso analisaremos os discursos oficiais pós-eleição de ambos, onde eles justificam a escolha de seus nomes. Nosso embasamento teórico está pautado na Análise do Discurso, sobretudo nos estudos relacionados ao ethos e ao discurso religioso. Os principais autores que respaldaram esse trabalho foram Brandão (1986), Orlandi (1999), Amossy (2005), Menezes (2006), Charaudeau (2006), Maingueneau (2006), Charaudeau e Maingueneau (2008) e Chamone (2012). Tal estudo permitiu verificar a construção de ethé diferenciados, susceptíveis de provocar uma recepção diferente dos fiéis, da mídia e da população como um todo. |