Resumo |
No Brasil, atualmente cerca de 52 milhões de hectares de pastagens estão degradadas. Uma das soluções para recuperação destas áreas é a adoção de sistemas silvipastoris. Estudos afirmam que as árvores neste sistema podem favorecer as condições microclimáticas e edáficas da área cultivada. Porem sabe-se que a redução da luminosidade pelo dossel interfere na produtividade das plantas ferrageiras. Assim, a procura de espécies forrageiras tolerantes ao sombreamento e persistentes no sub-bosque é determinante no sucesso do consórcio. Neste sistema outro fator importante é a herbivoria, a qual constitui uma forma de injuria. Pouco se conhece do efeito fisiológico da herbivoria em Brachiaria decumbens. O objetivo deste trabalho foi estimar o efeito do sombreamento e da herbivoria simulados nos parâmetros de trocas gasosas da gramínea. O experimento foi conduzido em casa de vegetação sob uma estrutura de sustentação para tela de sombrite (70%). Plantas de B. decumbens foram cultivadas em vasos (20L) contendo terra e areia (3:1) e adubadas periodicamente. As plantas foram mantidas em três modalidades de luminosidade: sem sombreamento - SS, sombreamento permanente - ST (sombrite cobrindo a parte superior e lateral da estrutura) e sombreamento parcial - SP (sombrite somente na parte superior da estrutura). As plantas sofreram três ciclos de pastejo simulado, com auxilio de tesoura de poda. Ao final do terceiro ciclo, avaliou-se a fotossíntese liquida (A), condutância estomática (gs) e transpiração (E), com analisador de gás no infravermelho-IRGA (LC pro-SD-ADC), na 3ª folha, a qual sofreu o corte em 1/3 da porção apical. As medições foram realizadas em quatro épocas: 0 (antes do corte), 3, 6 e 10 dias após o corte (I, II, III, IV respectivamente). Os tratamentos foram dispostos em DIC, com 5 repetições. A ANAVA foi feita no programa estatístico SAEG. E foi distinta entre as épocas de avaliação. Os maiores valores de E foram nas épocas III e IV. Na época II foi registrada a menor E. O menor valor de gs ocorreu no ST. No tratamento SS e SP, os valores de gs foram iguais. Nas épocas I e IV foram registradas as maiores médias de gs e a menor, na época II. Os maiores e menores valores (redução de 50%) de A foram registrados no SS e no ST, respectivamente. Os menores valores de A foram obtidos na época II, e os maiores nas épocas I e IV. A queda de E na época II pode ser explicada pela maior restrição estomática, sendo isso uma estratégia de preservação de agua no tecido foliar. Esse fenômeno e a baixa luminosidade contribuíram para a queda de A. Esses resultados apontam que a recuperação da fotossíntese inicia-se no 3º dias após corte. A recuperação ocorre em torno do 10º dia, quando os valores de A aproximam-se aos iniciais. Foi constatado que o sombreamento influencia no rendimento fotossintético de gramínea. Sugere-se que ciclos de pastejo menores que 10 dias podem prejudicar a recuperação fotossintética de B. decumbens, refletindo na perda da produtividade. |