Resumo |
A qualidade de vida é intimamente relacionada à qualidade da água consumida, pois esta pode ser um veículo para a contaminação por diversos patógenos. O Cryptosporidium spp., através de seus oocistos, é um dos protozoários disseminados pela água. O oocisto é uma forma germinativa extremamente resistente, tanto às condições ambientais quanto ao cloro livre, desinfetante mais utilizado no tratamento da água destinada ao consumo humano. Outro entrave ao controle da disseminação do parasito é a falta de informações sobre o nível de contaminação dos mananciais. Este trabalho teve como objetivo rastrear e detectar as regiões de contaminação por Cryptosporidium spp. no Ribeirão São Bartolomeu situado no município de Viçosa (MG). Foram rastreados nove pontos, durante um período de cinco meses. Sete desses pontos estão localizados no encontro do Ribeirão com seus afluentes e dois no próprio Ribeirão. A detecção foi realizada em três etapas: (i) concentração de 2L de amostra por filtração em membranas de acetato de celulose (porosidade de 1,2 μm), seguida de raspagem e centrifugação (por 15 min, a 2400 rpm ), (ii) separação imunomagnética, e (iii) detecção dos oocistos com o uso da microscopia de imunofluorescência. Foram detectados oocistos em 37,7% das amostras, com densidades variando de 0,2 a 5,1 oocistos.L-1. As maiores concentrações foram encontradas no córrego Antuérpia, que é o receptor de efluentes provenientes de uma caprinocultura e uma suinocultura, e no próprio São Bartolomeu, num ponto que recebe esgoto do condomínio Acamari e adjacências. O córrego do Engenho, que recebe efluente de suinocultura, e o ponto de captação da estação de tratamento de água da Universidade Federal de Viçosa, apresentaram alta incidência com cerca de 60% de suas amostras contaminadas. Em contrapartida, não foram encontrados oocistos na região onde há uma área de preservação ambiental. Estes resultados indicam a necessidade de tratamento dos efluentes, sejam domésticos ou não, de modo a diminuir a contaminação do Ribeirão e assim evitar a disseminação desse parasito. Ademais, a conservação das áreas no entorno do Ribeirão e seus afluentes assim como um tratamento mais eficiente de suas águas, se mostra imprescindível para o controle da disseminação do parasito. |