Resumo |
A pesquisa busca contribuir para diminuir as carências de estudos sobre crimes sexuais, particularmente na perspectiva qualitativa da configuração de suas práticas em suas diferentes manifestações. É fato que o tema exige uma aplicação metodológica muito própria que permita identificar dados de extrema complexidade, do ponto de vista da revelação dos fatos, preservando as vítimas. Contudo, a invisibilidade no qual o tema se coloca diante da sociedade padece de investimentos concretos que permitam desvendar as nuances obtusas que a prática de violência se apresenta na sociedade, particularmente, no meio universitário. Há uma necessidade de pesquisas no país sobre crimes sexuais, na medida em que há poucos estudos disponíveis. Este estudo busca focalizar a cobertura de uma universidade, mas não deixa de promover uma colaboração. O domínio da prática agressora e dos argumentos conservadores e machistas à prática de violência sexual, se estende a universidade. E, em razão da sua representação sociopolítica, merece aprofundamento analítico, por parte de pesquisas empíricas que comecem a desvendar o universo controverso das litigiosidades no campo acadêmico. Não obstante a relevância do tema, por razões significativas seja em relação à garantia dos direitos mais fundamentais, seja em relação às consequências sociais da violência sexual e, particularmente, do estupro, poucos estudos empíricos quantitativos foram feitos no Brasil. Com certeza, em parte devido à dificuldade de obtenção de dados consistentes e minimamente qualificados sobre o fenômeno. Segundo os dados do Relatório do IPEA, Estupro do Brasil: uma radiografia segundo os dados da saúde de Cerqueira e Coelho (2014) é possível afirmar que vítimas de estupro com ensino superior incompleto, ou seja, a categoria de sujeitos o qual se aplica esse estudo, é de cerca de 2,1%. Os autores revelam ainda, que o maior percentual de vítimas no Brasil são crianças e adolescentes. Contudo, os dados oficiais podem revelar uma distância com a realidade, uma vez que esse tipo de crime é muito caracterizado pela cifra negra e a dinâmica do meio universitário é camuflado pela racionalidade juvenil que, por vezes relativiza a ação agressora. Nesse sentido é premente estudos que revelem essas configurações nas instituições sociais, sobretudo, as universidades brasileiras para de fato, revelarmos suas manifestações, torná-las públicas, logo, passíveis de investimentos para seu arrefecimento. |