Resumo |
A fragmentação de habitats gera mudanças na estrutura da paisagem. O efeito de borda é considerado um efeito secundário da fragmentação, e causa alterações no número e composição de espécies e na abundância de populações. Um dos processos mais importantes do funcionamento do solo é o da ciclagem de nutrientes. Outra importante medida de funcionamento é a decomposição. O objetivo desse trabalho foi verificar a influência dos efeitos secundários de fragmentação sobre o funcionamento dos ecossistemas. A partir do pressuposto de que o funcionamento do ecossistema é maior no centro do que na borda dos fragmentos, testamos duas hipóteses: (i) as condições ambientais são mais propícias à decomposição da serapilheira no interior da mata; (ii) os organismos envolvidos no processo são mais abundantes, ou mais diversos, ou são mais ativos no funcionamento no interior do que na borda dos fragmentos. Foram utilizados seis fragmentos de floresta secundária na região de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Foram coletados amostras de serapilheira da borda e do interior antes da realização desse estudo, as quais foram secas em estufa por 72 horas a 60 ºC, posteriormente pesada em balanças de precisão e levadas para o Laboratório de Análise de Solo da Universidade Federal de Viçosa para que sejam determinadas as concentrações iniciais dos nutrientes. Além dessas amostras iniciais foram tomadas outras 288 com o mesmo peso. Cada uma dessas amostras foi acondicionada em sacos de decomposição. Na borda e no interior de cada fragmento foram instalados três pontos amostrais, sendo cada um composto por oito sacos de decomposição. A cada dois meses foram retirados dois sacos de decomposição de cada ponto amostral, os quais foram levados para o laboratório e foi realizada a extração dos artrópodes de cada amostra através de funis de Berlese, e foram triados e identificados ao menor nível taxonômico possível. O material proveniente do campo foi também pesado e as quantidades dos nutrientes foram analisadas. Estão sendo estimadas as taxas de liberação de cada um dos nutrientes (ni) ao longo do tempo de exposição do material no campo. Essa taxa será obtida através de um modelo que relaciona a quantidade inicial de cada nutriente com o tempo de exposição do material no campo. Para estimar o coeficiente de decomposição, está sendo construído um modelo estatístico com distribuição de erros binomial, uma vez que a variável resposta é uma razão (peso da amostra/peso inicial). Como resultados parciais, percebe-se que o quanto maior o tempo de exposição das amostras no campo, maior foi a perda de biomassa. No centro dos fragmentos também foi encontrada maior diversidade e abundância de artrópodes que nas bordas. |