Resumo |
As estratégias de internacionalização dos estudos, tais como a aprendizagem de um novo idioma, a escolarização em estabelecimentos internacionais “in loco” e a participação em programas de mobilidade acadêmica internacional, se apresentam como uma nova dimensão da realidade educacional contemporânea (NOGUEIRA, AGUIAR e RAMOS, 2008). Tais estratégias são utilizadas pelas famílias ao pensarem o presente escolar e o futuro profissional dos filhos. Elas estão ocorrendo com maior frequência, se ampliando a novos grupos sociais e, além disso, acontecendo ao longo de todos os níveis de escolarização (AGUIAR, 2009). Nessa perspectiva, a presente pesquisa analisou as experiências de estudantes provenientes de países da América Latina que realizaram mobilidade acadêmica na Universidad de Caldas – Colômbia no ano de 2012. A intenção de investigar as experiências dos sujeitos nos conduziu à adoção da abordagem metodológica da pesquisa qualitativa que, de acordo com Martinelli (1999), busca significados, interpretações, entender os sujeitos e suas histórias. Os instrumentos de coleta de dados foram constituídos por questionários socioeconômico e entrevistas com questões semi-estruturadas. Inicialmente pretendia-se aplicar o questionário para os estudantes do Chile, Brasil e México, no entanto, apenas os estudantes dos dois últimos países se disponibilizaram a participar da entrevista. Os dados gerados na pesquisa indicaram que para os estudantes mexicanos, a escolha pela Colômbia como país de destino da mobilidade acadêmica aconteceu pelo fato desse país possuir como idioma oficial o mesmo do país de origem desses estudantes, uma vez que não dominavam outro idioma. Já para os brasileiros, a possibilidade de aprender um novo idioma figurou como um dos elementos que motivou a escolha da Colômbia. Mas, esses mesmos universitários indicaram também que o domínio do espanhol era mais viável que o idioma inglês, o que parece indicar, nesse caso, uma escolha negativa. Dentre as motivações citadas pelos estudantes, o fato de “conhecer uma nova cultura” e o “enriquecimento acadêmico” apareceram com maior frequência. De acordo com os estudantes pesquisados, a mobilidade acadêmica internacional proporcionou benefícios pessoais, acadêmicos e sociais. Dentre os benefícios pessoais; como, por exemplo,a “aquisição de uma nova cultura” e o “amadurecimento pessoal”. No que tange aos benefícios acadêmicos, os estudantes indicaram o “enriquecimento do currículo” e a “aprendizagem de novas matérias com enfoques diferentes”. Os estudantes também indicaram como um benefício o "aumento da rede de relações". Os estudantes investigados acreditam que essa rede de contatos os beneficiará futuramente, viabilizando, por exemplo, a realização de projetos internacionais. Os dados indicaram ainda que o recurso ao internacional, antes prerrogativa das classes dominantes, se apresenta como estratégia educativa utilizadas também por grupos menos privilegiados socialmente. |