Resumo |
Plantas medicinais são aquelas com aplicação terapêutica cujo conhecimento é baseado no saber popular e na prática cultural de grupos tradicionais. Os medicamentos fitoterápicos são obtidos pela industrialização das plantas medicinais, permitindo a inovação em saúde e agregação de valor ao produto. Em 2010 a Secretaria Estadual da Saúde em Minas Gerais lançou o Programa Componente Verde que prevê a produção pelos agricultores e disponibilização a usuários pelo SUS. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil de produção e de comercialização de plantas medicinais nos municípios de Araponga, Ervália e Viçosa, em MG, com o intuito de gerar subsídios para orientar ações de pesquisa e extensão relacionadas com a sua produção e com a implantação do Componente Verde. Foram feitas visitas, seguidas de entrevistas semi-estruturadas às hortas das Escolas Família Agrícola (EFA) Puris e EFA Serra do brigadeiro, em Araponga e Ervália, respectivamente, ao Grupo Entre-Folhas, à coordenação da Pastoral da Igreja Católica, e aos estabelecimentos farmacêuticos que comercializam plantas medicinais em Viçosa. Na EFA de Araponga e de Ervália, as plantas medicinais são utilizadas em forma de chás, tintura e homeopatia e em Ervália prevê-se ampliação da horta com o cultivo de 21 espécies medicinais, em 2014. O Grupo Entre-Folhas cultiva espécies medicinais ofertadas em forma de tintura e preparados com combinações de plantas. Nos estabelecimentos comerciais essas apresentam-se na forma de droga vegetal ou de medicamento fitoterápico. Os resultados mostram que o uso de plantas medicinais nos municípios contemplados encontra-se culturalmente estabelecido. Porém a produção e comercialização das plantas são restritas em termos de quantidade e abrangência, considerando às selecionadas pelo Programa Componente Verde. Embora essas espécies estejam presentes nas farmácias de manipulação e de produtos naturais em algumas lojas, a demanda por produtos costuma ser maior que a oferta. Não foram identificados produtores locais, a não ser o Grupo Entre-folhas. A matéria-prima fornecida para a comercialização é oriunda principalmente de São Paulo e Belo Horizonte. De acordo com os entrevistados, é importante ter fornecedores próximos para que os estoques sejam repostos com maior agilidade. Além do benefício econômico, em Viçosa há uma perspectiva relacionada ao aspecto social, que é a criação um espaço para produção de plantas medicinais, sob a coordenação de um grupo de pastoral da Igreja Católica, para inclusão social de pessoas carentes. Além disso, o município foi contemplado com recursos do Ministério da Saúde para a implantação de uma Farmácia Viva. A iminente implantação do Programa Componente Verde em Viçosa e a carência de fornecedores locais de matéria-prima sugerem que a produção e plantas medicinais pode constituir uma atividade econômica promissora, em especial das plantas listadas no Programa Componente Verde. |