Resumo |
Proteínas estruturadoras de gelo (ISP) são compostos sintetizados por diversos organismos animais e vegetais, como mecanismo de resistência ao frio. Pertencem a uma classe de polipeptídios capaz de inibir o crescimento dos cristais de gelo durante a nucleação, reduzindo os danos na estrutura celular desses organismos causados pela formação dos cristais. Em alimentos processados submetidos ao congelamento, o controle do crescimento dos cristais de gelo é crítico na manutenção da qualidade final do produto. Alguns estudos já demonstraram a ocorrência de ISP em folhas de trigo de primavera, mas ainda não foram definidas metodologias de extração e purificação eficientes para essas cultivares. O presente estudo foi realizado para avaliar a eficiência de duas metodologias de extração e três metodologias de purificação de ISP obtidas de folhas de três variedades de trigo, sendo duas de inverno (OK Bullet e Endurance) e uma de primavera (Pioneiro). As folhas liofilizadas de cada variedade, em três repetições, foram divididas em dois grupos e cada um passou por um método de extração. Na metodologia E1, as folhas foram cortadas, trituradas com Tris-HCl (pH=7,4), centrifugadas e filtradas para obtenção do extrato bruto contendo as proteínas. Para E2, as folhas foram trituradas com solução de ácido ascórbico:cloreto de cálcio (pH=3,0) e passaram por um processo de impregnação à vácuo. Os extratos brutos obtidos por E1 e E2 foram submetidos a três métodos de purificação: P1, no qual as amostras foram tratadas com acetona; P2, com solução de éter etílico: éter de petróleo e no método P3 foi utilizado clorofórmio. Em todos os métodos de purificação, os extratos brutos foram misturados aos respectivos solventes de purificação, agitados em vortéx e centrifugados. Os extratos brutos e purificados foram analisados quanto ao teor de proteína total pelo método de de Bradford, e por eletroforese em SDS-PAGE. Os resultados mostraram que a extração E1, com Tris-HCl foi a mais eficiente para a cultivar de primavera, Pioneiro, enquanto a extração por impregnação à vácuo (E2) foi a melhor para as variedades de inverno OK Bullet e Endurance. Um maior número de bandas proteicas foi identificado nos extratos brutos obtidos pela metodologia de extração E1, as quais exibiram massas moleculares entre 20,1 – 66,0 kDa. Nos extratos obtidos por impregnação à vácuo (E2) foi identificada apenas uma banda de proteína de 20,1-30,0 kDa. Em relação aos métodos de purificação, houve também distinção entre as cultivares, sendo que a purificação com clorofórmio (P3) foi mais eficiente na cultivar Pioneiro, enquanto a acetona (P1) foi melhor para as cultivares Ok Bullet e Endurance. Pode-se dizer que os processos de extração e purificação são influenciados pelas cultivares, e, portanto, procedimentos distintos para extração e purificação de ISP são requeridos. Os métodos testados no presente trabalho precisam ser otimizados antes de uma avaliação do potencial crioprotetor das ISP obtidas. |