Resumo |
Este trabalho se constituiu numa análise da divulgação da ciência e tecnologia no âmbito do telejornalismo regional, produzido pela TV Integração de Juiz de Fora – afiliada à Rede Globo. Para tanto, coletamos 7 edições do quadro MG TEC, exibido às quartas-feiras pelo telejornal MGTV 1ª edição, e analisamos como se estruturam os discursos de ciência e tecnologia (C&T) ali mostrados. Como suporte metodológico, valemo-nos, basicamente, dos preceitos de Patrick Charaudeau e sua Teoria Semiolinguística. Assim sendo, identificamos elementos do contrato de comunicação midiático (tais como a identidade dos parceiros envolvidos, a finalidade, o dispositivo e a circunstância), as visadas discursivas pretendidas pelo quadro, o processo de seleção de fontes e os papeis desempenhados por elas nos referidos contextos, além de compreender os principais critérios de noticiabilidade empregados na produção do quadro e a possível existência de mecanismos de interação com o público receptor. Com as análises, inferimos que o telejornalismo regional reforça determinados saberes coletivos ligados a C&T – como, por exemplo, a figura do cientista vestido sempre de jaleco branco e manuseando equipamentos complexos, sendo o representante de um saber adquirido ao longo dos anos em inúmeras pesquisas inacessíveis à maior parcela da sociedade. Apreendemos também que a organização discursiva do quadro faz uso majoritariamente do modo de organização narrativo, articulando os estratos verbal, sonoro e visual. Porém, nem sempre recursos variados do estrato visual (tabelas, ilustrações, gráficos e animações) são explorados pelo telejornal, o que poderia facilitar a compreensão de sentido da matéria veiculada. Notamos também a ausência de mecanismos de interação com o público, sem a abertura de possíveis canais para diálogo entre a audiência e a instância produtora dos discursos de ciência e tecnologia. Outro ponto inferido diz respeito às pautas do quadro MG TEC, que não se restringem ao ambiente regional, visto que diversas pautas refletem questões genéricas e não particularidades da área de abrangência da emissora. Assim sendo, a divulgação da ciência e tecnologia ocupa um espaço regionalizado (um quadro específico dentro de um telejornal regional), mas dedica pouco espaço ao que, de fato, é regional em termos de avanços e pesquisas na área. Por fim, detectamos ainda a criação de dicotomias na representação de C&T – ora apontada como benéfica, ora como prejudicial – além da manutenção de mitos e incertezas sobre o que representam ciência e tecnologia para a sociedade em geral e, no caso, para a Zona da Mata e Campo das Vertentes de Minas Gerais. |