Resumo |
O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, a qual busca estabelecer um vínculo com o paciente, visando à evolução do seu tratamento. O PTS mostra-se resolutivo para situações complexas que exigem discussões coletivas, em que todas as opiniões são importantes para entender o sujeito e seu contexto social, possibilitando a criação conjunta de um plano de cuidados, por meio do qual se busca alcançar resultados mais efetivos e positivos com o usuário em relação ao seu cuidado. O trabalho tem como objetivo, relatar a experiência da construção de um PTS. No dia 09 de junho de 2014, a equipe interdisciplinar do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET-Saúde) da Universidade Federal de Viçosa e os profissionais/preceptores do Centro Hiperdia Minas Viçosa (CHDM) observaram a necessidade de criação de um PTS com o Sr. M.J., usuário do CHDM. O Sr. M.J. apresenta diabetes mellitus tipo 2 descompensada, hipertensão arterial sistêmica descontrolada e quadro inicial de insuficiência renal. A primeira etapa do PTS foi o acolhimento, na qual apresentou-se ao usuário a equipe interdisciplinar do PET-Saúde. Nesse momento, identificou-se as demandas relatadas pelo paciente e observou-se questões que necessitariam de futuras intervenções. Foram realizadas, visitas domiciliares (VD), que possibilitaram a coleta de dados e o estabelecimento de um vínculo com o usuário. Por meio das VD, pode-se compreender o significado e os sentimentos que a doença desperta no paciente, as suas relações sociais, o seu modo de vida e as dificuldades enfrentadas. Após a obtenção de todas essas informações, foram elaboradas metas de curto, de médio e de longo prazo. Durante as VD, foram abordados os seguintes assuntos: alimentação saudável, prática de exercícios físicos, cuidados com os pés, técnica adequada de aplicação de insulina, uso correto da medicação e esclarecimentos sobre as consultas com a nutricionista, com o cardiologista e com o nefrologista no CHDM. A equipe constatou que o usuário estava usando os medicamentos de forma incorreta, com isso, elaborou-se caixas para organizá-los. Depois da confecção das mesmas, foi observada melhora no controle glicêmico do paciente. Apesar de, em alguns momentos, o Sr. M.J. transgredir o plano alimentar prescrito, houve melhoria nos hábitos alimentares. Salienta-se o comprometimento do usuário em abandonar o hábito da automedicação, bem como a utilização de produtos caseiros ditos como milagrosos recomendados por terceiros. Todas essas mudanças no hábito de vida realizadas pelo usuário foram pauta de discussões entre a equipe do PET, o usuário e sua família. Levando em consideração o início recente do acompanhamento do Sr. M.J. pela equipe do PET –Saúde, grande valor é agregado a essas evoluções. |