Resumo |
O carvão vegetal é uma excelente matéria-prima para a siderurgia, devido ao seu valor como combustível e termo redutor, elevado grau de pureza, baixo custo de produção e por ser um produto renovável. Ao longo da última década, as grandes consumidoras de carvão vegetal, indústrias independentes ou integradas estão trabalhando para aumentar a eficiência do processo de carbonização da madeira com a finalidade de aprimorar produção de carvão vegetal e siderúrgica. A qualidade da madeira é um fator de extrema importância quando o objetivo é a produção de carvão vegetal com alto rendimento, baixo custo e elevada qualidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar a correlação entre as propriedades físicas e químicas da madeira e o rendimento e qualidade do carvão vegetal de cinco clones de eucalipto, sendo um clone de Eucalyptus grandis e quatro híbridos de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla. Os clones foram coletados em plantios comerciais com espaçamento de 3,0 x 3,3 m, aos 3 anos de idade, em três diferentes localidades no Estado de Minas Gerais – Santa Bárbara, Guanhães e Ipaba. Para determinar as correlações entre o rendimento gravimétrico e as propriedades da madeira e do carvão vegetal foi empregado o coeficiente de correlação de Pearson, que mede o grau de associação linear entre duas variáveis quantitativas. As propriedades da madeira analisadas apresentaram correlações significativas com as propriedades e os rendimentos em carvão vegetal. A densidade básica da madeira apresentou uma correlação positiva com a densidade aparente do carvão vegetal. O teor de lignina na madeira apresentou correlação positiva com o rendimento em carvão vegetal, enquanto que com o teor de holocelulose na madeira e rendimento em gases não condensáveis no carvão as correlações foram negativas indicando também a maior aptidão de madeiras com o maior teor de lignina na produção de carvão. Os maiores poderes caloríficos foram observados nos carvões com os maiores teores de carbono fixo e para os maiores rendimentos em gases não condensáveis. O maior teor de carbono fixo no carvão indica maior teor de carbono na sua estrutura, o que aumenta o seu poder calorífico. A presença de inorgânicos no carvão vegetal reduziu o poder calorífico, o que pode ocasionar desgaste no refratário do alto-forno e pode, também, comprometer a qualidade do ferro-gusa. Assim conclui-se que para seleção prévia de clones com potencial para produção de energia, são necessários estudos do teor de cinzas na madeira e sua correlação com o teor de cinzas no carvão. Para a escolha de madeiras para obtenção de carvão com melhores propriedades químicas (maiores teores em carbono fixo e menores teores em substâncias voláteis e cinzas), devem-se procurar aquelas que possuam altos teores de lignina. |