Resumo |
Diante do contexto da deficiência há o receio do desconhecido, do diferente, de algo que por vezes não é trago à nossa formação e atuação profissional com tanta naturalidade. Esse contexto de insegurança se agrava ao se deparar com grades curriculares, de cursos diversos da saúde, isentos de disciplinas que explanem sobre a questão da deficiência e suas particularidades. Dentro dessa perspectiva e, buscando enfrentar o desafio encontrado, tem-se o Projeto Terapêutico Singular, que traz consigo a visão ampla de uma equipe multiprofissional que preza a interdisciplinaridade. O seguinte trabalho objetiva relatar a experiência da construção de um projeto terapêutico singular – PTS, escolhido pela equipe interdisciplinar do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET-Saúde), da Universidade Federal de Viçosa, desenvolvido na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro Amoras, no município de Viçosa, Minas Gerais. Trata-se de um PTS constituído por duas irmãs portadoras de distrofia muscular que apresentam a locomoção limitada ao ambiente domiciliar. Após o estabelecimento da confiança, dado a criação de vínculo estabelecido pela realização de visitas domiciliares (VD), averiguou-se algumas vulnerabilidades. Surgiu então, a necessidade de intervenções que visassem a qualidade de vida bem como a promoção da saúde. Porém, ao lidar com relações humanas é inegável o aparecimento de limitações e fragilidades. A preocupação por parte da equipe, em lançar mão de planos de ação em que a evolução do paciente seja rápida mesmo quando se preza a visão integral, individualizada e se respeita o ser pessoa e sua subjetividade, pode gerar frustações, reflexo de um anseio pela visualização de resultados imediatos. Assim, a reavaliação das condutas terapêuticas tomadas é de grande valia e, a compreensão de que a progressão desses pacientes é gradual faz-se necessária. É preciso, ainda, perceber que a evolução afetiva e emocional é primordial para que ocorra o desenvolvimento de ações de promoção a saúde. Aceitar as limitações e procurar caminhos que as transformem em potencialidades, é imprescindível; nesse cenário a interdisciplinaridade faz a diferença ao respeitar e promover ações na coletividade profissional. Além disso, vale ressaltar a importância da busca do conhecimento frente ao, muitas vezes, desconhecido e inesperado contexto da deficiência. Sendo assim, a contribuição eficaz do PTS apresenta-se como instrumento inovador na ampliação de conceitos e na construção de vivências enriquecedoras na formação dos profissionais de saúde. |