Resumo |
No manejo de florestas naturais a análise criteriosa da intensidade de corte (IC) e do ciclo de corte (CC) são fundamentais para garantir a sustentabilidade da produção de madeiras. Para a aplicação da IC, considera-se a capacidade de recuperação do ecossistema florestal, adequando o CC com o crescimento das espécies. O objetivo do estudo foi avaliar a aplicabilidade do método mexicano de desbaste para subsidiar a definição adequada da intensidade de corte e do ciclo de corte em florestas na Amazônia Oriental. O estudo foi realizado em 200 ha de uma Floresta Ombrófila Densa de terra firme, no município de Moju, Pará (02° 12’ 26” S e 48° 48’ 14” W). Em 1997 foi realizada a exploração florestal de impacto reduzido em 200 ha. Foram colhidas, em média, 3,3 árv.ha-1 com diâmetro mínimo de corte de 65 cm, de 25 espécies comerciais, correspondendo a um volume de 23 m3.ha-1. Em 1995, foram estabelecidas 22 parcelas permanentes de 0,5 ha, totalizando uma amostra de 11 ha. Nessas parcelas, foram medidas todas as árvores com DAP≥ 10 cm em 1995, 1998 e 2010. O método mexicano de desbaste (MMD) é método de controle do corte pelo volume, fundamenta-se no pressuposto que os crescimentos anuais (Cr) do estoque remanescente (Vr) de uma floresta acumulam-se seguindo a lei de juros compostos: Vn= Vr(1 + i)cc. Sendo i a taxa de crescimento: i1= Cr/Vn; i2= Cr/Vr; e i3= Cr/ (Vr+Vn/2); IC= 1 – (1/(1+i)cc; o CC = ln (Vn/Vr)/ln (1+i)cc. Em que Vn= volume ao final do CC, em m3.ha-1. Para a análise estatística foi realizado o teste não paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney (independente) a 5% de probabilidade, para os anos de 1998 e 2010 em comparação com o projetado pelo o MMD. O Vr e o Cr para o total das espécies colhidas foram, respectivamente, 34,304 m3.ha-1 e 0,806 m3.ha-1.ano-1. Analisando a intensidade de corte realizada com diferentes taxas de crescimento, os CCs das espécies colhidas foram: i1= 37, i2= 29 e i3= 22 anos. Na projeção do volume para 1998 (um ano após a colheita) e 2010 (13 anos após a colheita) em todas as taxas de crescimento os volumes projetados não apresentaram diferença (p> 0,05) significativa (i1: 35,856; i2: 36,211; i3: 36,775 m3.ha-1) em relação volume observado (44,356 m3.ha-1), apesar do crescimento elevado após a colheita, causado pela abertura do dossel. Isso se confirma para o ano de 2010, onde todos os volumes (Vn) projetados com as diferentes taxas de crescimento (i1= 42,154; i2= 44,131 e i3= 47,429 m3.ha-1) não foram estatisticamente diferentes (p> 0,05) em relação ao volume observado (49,556 m3.ha-1). Utilizando a taxa i3, a maior taxa de crescimento, e adotando o CC preconizado na legislação (35 anos), a IC seria 31,888 m3.ha-1. Se fosse utilizar a IC da legislação até 30 m3.ha-1, o CC seria de 25 anos. O método mexicano de desbaste pode ser utilizado para fundamentar a intensidade de corte e o ciclo de corte em florestas na Amazônia Oriental. |