Resumo |
Introdução: No mundo, observa-se o processo de envelhecimento populacional. Preocupação recorrente na terceira idade é a ocorrência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Assim, torna-se relevante o uso de medidas que se correlacionem com tais patologias, como as antropométricas, um meio fácil, barato e seguro de predizer DCNT. Objetivo: Relacionar os índices de adiposidade central perímetro da cintura (PC), relação cintura-quadril (RCQ) e relação cintura-estatura (RCE) com hipertensão arterial (HA), diabetes e dislipidemia em idosos residentes no município de Viçosa (MG). Metodologia: Realizou-se um estudo observacional, de corte transversal, com idosos com idade superior a 60 anos, residentes no município de Viçosa, MG no ano de 2009. Foram aferidos peso, estatura, PC e PQ. Calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC), a RCQ e RCE. A análise dos dados incluiu estatística descritiva e o teste t de Student para comparação de médias, estratificado por sexo e curvas ROC (Receiver Operating Characteristic Curve) visando comparar a capacidade discriminatória dos diferentes índices para detectar as doenças de interesse. O software usado foi o SPSS versão 17.0 considerando-se alfa = 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (n.027/2008) e aqueles que concordaram em participar assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Resultados: Avaliaram-se 621 idosos, sendo 53,3% do sexo feminino. A mediana de idade foi de 69 anos, variando entre 60 e 98. As médias de IMC e RCE foram maiores entre mulheres e a média da RCQ foi maior entre homens. Já o PC não diferiu entre os sexos. Entre os homens, os diabéticos e também aqueles que apresentavam hipercolesterolemia apresentaram valores maiores de IMC, PC, RCQ e RCE. Já em relação às mulheres, as médias das diabéticas foram maiores para PC, RCQ e RCE, porém nenhum dos indicadores apresentou relação significante com a presença de hipercolesterolemia. Constatou-se ainda que entre aqueles com HA, os homens apresentaram maior média de RCQ e as mulheres maiores médias de IMC, PC e RCE em relação aos idosos com pressão arterial normal. Analisando a curva ROC, verificou-se que os índices antropométricos obtiveram um desempenho mediano na identificação das doenças, indicado pela área sob a curva menor que 0,68. Os pontos de corte apresentaram equilíbrio entre sensibilidade e especificidade. Foram definidos para mulheres PC=93cm, RCQ=0,94 e RCE=0,62. Para os homens PC=96cm, RCQ=0,97 e RCE= 0,58. Conclusão: Nossos achados reafirmam a importância das medidas antropométricas na predição de doenças crônicas, visto serem instrumentos seguros, de fácil aplicação e baixo custo. Propôs-se também pontos de corte para os indicadores de adiposidade central que melhor caracterizam a população estudada. Destaca-se, ainda, o bom desempenho apresentado pela RCE, indicador ainda pouco avaliado em amostras representativas de idosos brasileiros. |