Resumo |
A Paralisia Cerebral (PC) é uma condição crônica caracterizada por comprometimentos neuromotores variados, que podem causar diversas restrições em atividades funcionais. Apesar de esta condição ser passível de diferentes intervenções pedagógicas, frequentemente profissionais da educação, ao se depararem com esta condição física bastante limitante, negligenciam atendimento baseando-se no argumento de que não possuem “experiência” para lidar com o indivíduo com PC. Objetivamos, neste trabalho, relatar um estudo de caso de um programa de intervenção pedagógica para um aluno de 50 anos com Paralisia Cerebral que nunca havia frequentado qualquer tipo de instituição de ensino. As principais ações foram aulas semanais de 50 minutos, ministradas por uma acadêmica do curso de pedagogia no Laboratório de Estimulação Psicomotora do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa (UFV). As aulas tinham o objetivo de desenvolver a aprendizagem do alfabeto, aprender a contagem até o numeral “50” e interpretação através dos recursos audiovisuais, visuais e escrito. Desta forma, foram desenvolvidas diferentes atividades com o alfabeto. Em relação à contagem de números o aluno não sabia contar mais do que 10,foram desenvolvidas atividades utilizando materiais concretos para tornar a aprendizagem mais significativa. Além destas, foram propostas também atividades que promovessem a capacidade de interpretação de textos, músicas, vídeos, rótulos e embalagens, sendo este entendimento manifestado de forma oral, já que o aluno não apresenta aparato motor para o desenvolvimento da escrita. Ao final de cada aula foram confeccionados relatórios para posterior análise dos avanços do aluno. Após cinco meses de intervenção, a análise dos relatórios permitiu constatar a aquisição de novos conhecimentos por parte do indivíduo. No início dos atendimentos o aluno não apresentava domínio das letras do alfabeto, nem dos números. Atualmente, já é capaz de reconhecer e pronunciar o nome todas as letras e os números até 50. Consequentemente, aprimorou a coordenação motora fina, pois ao iniciar as atividades o aluno nunca havia usado o lápis, apresentando dificuldade para segurá-lo e firmá-lo na folha, e no decorrer dos atendimentos foi aperfeiçoando tal habilidade, até conseguir colorir dentro do espaçamento indicado.Assim, concluímos que o pedagogo apresenta importante papel no processo de aprendizagem de um aluno com deficiência, sendo que o professor deve buscar metodologias e materiais adequados, de modo a auxiliar na aquisição de conhecimento do estudante. Desta forma, estará propiciando não só um crescimento educacional para o aluno, mas também social. Entretanto, para que esta intervenção pedagógica alcance bons resultados, o primeiro passo, talvez o mais desafiante, é a presença de um “olhar” diferenciado sobre o aluno, visualizando o indivíduo como um todo e não apenas e unicamente a deficiência. |