Resumo |
O gênero Sibynomorphus (Serpentes: Colubridae) possui cinco espécies encontradas no Brasil, duas delas relacionadas para Zona da Mata Mineira: Sibynomorphus mikanii e Sibynomorphus neuwiedi. Conhecidas como “dormideiras”, as serpentes do gênero se alimentam de moluscos e apresentam substâncias tóxicas em sua saliva. Sibynomorphus mikanii é terrícola de hábitos noturnos, sendo encontrada em áreas de cerrado e floresta estacional semidecidual. S. neuwiedi, embora também possua hábitos noturnos, é semi-arborícola e endêmica da Mata Atlântica. Objetivamos nesse trabalho destacar diferenças morfométricas entre tais espécies, e constatar possíveis dimorfismos sexuais em S. mikanii e S. neuwiedi. Os espécimes de ambas as espécies depositados na coleção zoológica do Museu de Zoologia João Moojen, foram analisados conforme as seguintes medidas: Comprimento total, comprimento caudal, maior largura da cabeça, peso, número de escamas ventrais e número de escamas subcaudais. Em todos os caracteres observados S. neuwiedi apresentou significativamente maiores médias do que S. mikanii. O maior tamanho corporal (comprimento total e peso) pode ser justificado pela maior fecundidade da espécie. O maior tamanho caudal se deve ao hábito semiarborícola da primeira espécie, enquanto S. mikanii é considerada terrícola. A maior largura da cabeça pode ser justificada pela dieta das espécies, pois S. neuwiedi preda moluscos de concha, enquanto S. mikanii preda gastrópodes sem concha. S. neuwiedi também apresentou maior número de escamas ventrais e subcaudais. Ambas as espécies apresentaram fêmeas de maior tamanho corporal devido a pressão seletiva que escolhe fêmeas maiores, logo, mais férteis, e machos menores que atingiram maturidade sexual precocemente. Devido ao hemipênis, machos costumam apresentar maiores caudas. Porém, neste trabalho, encontramos maiores caudas em fêmeas. As mesmas também apresentaram maior largura da cabeça. Como não há registros de diferenças entre as dietas de machos e fêmeas, acredita-se que machos tenham o crescimento cefálico inibido por andrógenos. Com relação ao número de escamas, de forma geral, fêmeas apresentam maior número de escamas ventrais, enquanto machos apresentam maior número de escamas subcaudais. Porém, S. mikanii não apresentou diferenças significativas no número de escamas quando comparamos fêmeas e machos da espécie. Já S. neuwiedi, apresentou machos com maior número de escamas subcaudais quando comprados as fêmeas, porém, não houve diferença no número de escamas ventrais. Dessa forma, quando comparada a S. mikanii, S. neuwiedi apresentou maiores médias em todas as medidas aqui utilizadas. Ambas as espécies apresentam dimorfismo sexual, sendo fêmeas maiores, de maior tamanho cefálico e caudal. Não houve diferença significativa entre machos e fêmeas quanto ao número de escamas ventrais. Quanto ao número de escamas subcaudais, constatou-se dimorfismo sexual em S. neuwiedi, sendo que machos apresentaram maior número de escamas. |