Resumo |
A prevalência da obesidade no mundo ocidental vem apresentando um grande aumento nos últimos anos. O acúmulo da gordura corporal na região abdominal gera distúrbios metabólicos que compõem a síndrome metabólica, na qual o mecanismo fisiopatológico central é a resistência à insulina. A fisiopatologia da resistência à insulina é explicada por uma diminuição da ação da insulina nos tecidos periféricos, resultando em aumento compensatório da secreção de insulina. Atualmente, o tecido adiposo passou a ser reconhecido como órgão com papel central na gênese da resistência à insulina. Objetivou-se avaliar a relação entre adiposidade corporal e resistência à insulina na população adulta de Viçosa-MG. Trata-se de um estudo transversal de base populacional desenvolvido na zona urbana. A população do estudo foi composta por adultos entre 20 e 59 anos de idade de ambos os sexos. As variáveis exploratórias foram avaliadas por meio de questionário sendo elas: sexo, idade, escolaridade, estado civil e nível de atividade física. A glicose de jejum foi dosada por método enzimático e os níveis séricos de insulina pelo método imunofluorimétrico. A avaliação de resistência à insulina foi realizada por meio do índice Homeostasis Model Assessment-Insulin Resistance. Foram realizadas as medidas de peso e estatura para o cálculo do índice de massa corporal. Para a aferição do perímetro da cintura utilizou-se fita métrica inelástica na posição horizontal do ponto médio entre a borda inferior da última costela e a crista ilíaca. Utilizou-se a estatística descritiva e a associação entre as variáveis foram verificadas pelo teste qui-quadrado de tendência linear, quando necessário o qui-quadrado de partição com correção de Bonferroni. Adotou-se nível de significância de α=0,005, sendo os dados analisados no programa Stata, versão 13. A amostra foi composta por 905 indivíduos, com idade média de 34,2 anos, sendo a maioria do sexo feminino (55,5%). Quanto ao estado nutricional observou-se que 52,3% eram eutróficos, 43,4% estavam com excesso de peso e 4,3% com baixo do peso. O percentual de gordura corporal estava aumentado em 59,8% dos indivíduos (52,8% dos homens e 65,3% das mulheres). Observou-se que 6,0% da amostra apresentou hiperglicemia, 2,7% hiperinsulinemia e 16,7% resistência a insulina. Foram observadas associações estatisticamente significativas entre a resistência a insulina com a escolaridade (p=0,002), com a faixa etária de 20 a 29 anos (p=0,000) e de 30 a 39 anos (p=0,001) quando comparadas a faixa etária de 50 a 59 anos, estado civil (p=0,001), estado nutricional (p<0,001), percentual de gordura corporal (p=0,002), circunferência da cintura (p<0,001) e nível de atividade física (p=0,004). Diante do exposto, pode-se concluir que indivíduos com excesso de peso, principalmente com obesidade abdominal, estão mais susceptíveis a ter resistência à insulina, consequentemente, maior risco de morbimortalidade. |