Resumo |
Diante de um cenário acadêmico de ultravalorização do conhecimento científico e em que a perspectiva pedagógica prioriza as metodologias tecnicistas e a verticalização do ensino, tem-se, atualmente, o desafio da formação de estudantes sensíveis às variadas demandas impostas pelas diversidades e desigualdades de diferentes contextos sociais. Esse trabalho relata experiências de graduandas dos cursos de Medicina Veterinária, Zootecnia e Nutrição da UFV enquanto participantes do projeto de extensão “Criação Animal na Transição Agroecológica: aprofundando reflexões no manejo nutricional e sanitário”. O projeto articula diferentes atividades de formação/mobilização com agricultores/as de municípios da Zona da Mata de Minas Gerais, objetivando fortalecer a integração do componente animal em sistemas de produção agroecológica em propriedades de agricultura familiar. Também são desenvolvidas atividades investigativas e de intervenção envolvendo temas relacionados à agricultura familiar e à produção agroecológica, privilegiando a construção coletiva do conhecimento e valorizando a experiência dos/as agricultores/as. Acontecem semanalmente reuniões pautadas nas demandas dos/as agricultores/as e/ou grupos organizados que participam do projeto, quando são discutidas e elaboradas as atividades de formação e as metodologias e técnicas empregadas. Dentre as atividades realizadas, mencionamos a oficina na EFA Puris, em Araponga, com a temática “criações de animais de pequeno porte”, comparando sistemas de produção convencionais e alternativos, problematizando vantagens e desvantagens. Além disso, foi feita visita a agricultor interessado na criação de suínos da raça Piau, em Divino, onde foram discutidos aspectos como: local para construção de instalações (considerando características da propriedade: declividade do terreno, acesso ao local, proximidade a rios ou casas), alimentação (considerando o uso de alimentos existentes na propriedade) e manejo dos dejetos (considerando o interesse do agricultor usar biodigestor). A experiência no projeto tem permitido perceber que é possível alcançar produtividade em cenários de pouco acesso a tecnologias ‘de ponta’ e utilizando práticas como o uso de alimentos e rações alternativas (com sobras da produção da propriedade ou alimentos poucos explorados pela produção convencional) e manejo sanitário com homeopatia e plantas medicinais. As atividades também têm contribuído para o crescimento pessoal e aprimoramento profissional, permitindo à equipe maior aproximação ao contexto cultural e social dos/as agricultores/as, sindicatos e associações, facilitando a compreensão e o estimulo para continuação dos estudos na área e incentivando novos projetos relacionados à inserção de animais na criação agroecológica. A ação extensionista também tem proporcionado intervenções nas realidades, fortalecendo a criação animal e sua integração no contexto da produção agroecológica, valorizando a produção no âmbito da agricultura familiar. |