Resumo |
Fatores como hipertensão e infarto do miocárdio ocasionam prejuízos na capacidade cardíaca, levando à redução no débito cardíaco (DC). Com o intuito de minimizar este prejuízo hemodinâmico no estágio inicial da síndrome de insuficiência cardíaca ocorre uma resposta compensatória do sistema nervoso simpático. Isto leva ao aumento da atividade simpática através da ativação dos receptores beta adrenérgicos (β-ARs) presentes na membrana dos cardiomiócitos, induzindo o aumento da contratilidade e da freqüência cardíaca e, consequentemente, o retorno do DC a níveis normais. O β1-AR é o subtipo de receptor adrenérgico predominante no coração em termos de densidade e de modulação da contração cardíaca. Este receptor exerce papel dominante no aumento do cronotropismo (ritmo cardíaco) e do inotropismo( Força de contração) nos cardiomiócitos. Como a insuficiência cardíaca atinge mais de 23 milhões de pessoas no mundo e representa a principal causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS) em indivíduos acima de 65 anos de idade, o treinamento físico é considerado um agente não farmacológico, vindo a contribuir para a melhora da função cardiovascular em condições patológicas. O objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos do treinamento físico sobre as propriedades mecânicas de cardiomiócitos de camundongos knockout (KO) para receptores β1-adrenérgicos. Camundongos C57BL/6J, KO para os receptores β1-adrenérgicos, 4 meses de idade, foram inicialmente separados aleatoriamente em 4 grupos: C57c, C57t, KO β1c, KO β1t. Os animais dos grupos treinados (C57t, KO β1t,) foram submetidos a um protocolo de treinamento aeróbico de 8 semanas, 5 dias por semana, 1hora por dia, com intensidade de 60% da velocidade máxima de corrida. 3 a 4 animais de cada grupo foram separados para a análise de contração celular com perfusão do agonista β-adrenérgico isoproterenol (ISO) [100nM]. Após a eutanásia, os cardiomiócitos do ventrículo esquerdo foram isolados por dispersão enzimática. As contrações celulares foram medidas através da técnica de alteração do comprimento dos cardiomiócitos, após estimulação elétrica a 1 Hz, em temperatura controlada à 37ºC, usando-se um sistema de detecção de bordas. O protocolo de treinamento aumentou a amplitude de contração, a velocidade máxima de contração e a velocidade máxima de relaxamento dos cardiomiócitos dos animais KO β1t. O ISO não alterou a amplitude de contração, a velocidade máxima de contração e de relaxamento nos cardiomiócitos dos camundongos KO β1+ISO. Conclui-se que o protocolo de treinamento aeróbico aumentou as propriedades mecânicas dos cardiomiócitos dos animais KO β1, e associado ao ISO não houve alteração das propriedades mecânicas nos cardiomiócitos dos camundongos KO β1. |