Resumo |
Grande parte dos processos com atividade econômica, atualmente, são fontes geradoras de resíduos, na forma de gases, líquidos ou sólidos, causando grande degradação ambiental e não contribuindo para um desenvolvimento sustentável. A construção civil é o setor da atividade tecnológica que consome grande volume de recursos naturais e se apresenta como uma alternativa para absorver os resíduos sólidos industriais. Nesse contexto, objetivou-se desenvolver neste projeto uma avaliação da viabilidade técnica e prática da incorporação de resíduo de couro (pó de couro) na fabricação de argamassas, com vistas a apontar soluções para o seu emprego como material de construção civil. Desta forma, pretende-se contribuir com novos componentes para a construção de habitações de interesse social e evitar que este resíduo seja destinado a aterros, minimizando assim, os danos para o meio ambiente. Inicialmente, realizou-se a caracterização física do agregado miúdo para produção das argamassas. Para isto, foram realizados os seguintes ensaios: análise de composição granulométrica, teor de materiais pulverulentos, massa especifica saturada superfície seca, absorção, impurezas or-gânicas e massa unitária no estado seco e solto, à luz das respectivas normatizações técnicas. Em seguida, procedeu-se à dissolução em meio básico do resíduo de pó de couro, na proporção de 1:1:1 de resíduo, base e água, respectivamente, obtendo-se assim o denominado resíduo tratado. Na etapa seguinte, foram realizadas as moldagens dos corpos de prova utilizando-se dois traços em massa, que são: 1:3 (uma parte de cimento Portland para três partes de areia) e 1:1:6 (uma parte de cimento Portland, uma parte de cal hidratada e seis partes de areia), mantendo-se um fator de consistência Flow table igual 130 ±10 mm, para o primeiro traço, e 220±10 mm para o segundo traço. Para fins de comparação, produziram-se dois grupos de corpos de prova distintos: com e sem adição de resíduo tratado. Para cada traço contendo resíduo tratado, estipularam-se duas porcentagens de sua adição, com teores de 5% e 10% em relação à massa de Cimento Portland. Para cada teor da mistura foram moldados 24 corpos de prova, dos quais foram ensaiados em grupos de seis corpos de prova aos 7, 14, 28 e 90 dias. Em cada idade, realizaram-se os ensaios de resistência à compressão axial e de resistência à tração por compressão diametral, utilizando-se três corpos de prova para cada um. Além disso, foram moldadas placas de argamassas com intuito de se medir a sua resistência de aderência em superfícies, simulando uma situação comum às obras de construção civil. Por último, foram realizadas as análises ambientais dos extratos lixiviado e solubilizado da argamassa com adição de pó de couro. Os resultados obtidos comprovam a viabilidade da incorporação do pó-de-couro em argamassa. |