Resumo |
O segmento de polpas celulósicas destinadas à fabricação de papéis tissue e de impressão e escrita representa a quase totalidade da produção nacional de polpa Kraft branqueada. Esse mercado cresceu significativamente nos últimos dez anos, e para acompanha-lo é necessário que se faça alterações na matéria prima e no processamento desta para garantir características desejáveis ao produto final. A refinação se destaca como um tratamento mecânico realizado sobre a fibra de celulose a fim de promover modificações em sua estrutura, como fibrilamento externo, quebra de ligações internas e corte das fibras, além da produção de finos. Consequentemente as fibras aumentam em flexibilidade, reduzem em dimensão e em fibrilação, favorecendo a ligação entre elas durante a formação do papel, deixando-o mais resistente. O objetivo do trabalho foi analisar as mudanças nas propriedades físico-mecânicas e ópticas de papéis produzidos a partir de polpas celulósicas submetidas a diferentes intensidades de refino. Para se atingir esse objetivo foram utilizadas polpas kraft de Eucalyptus sp. e Pinus taeda. Foram utilizadas amostras de 30 g absolutamente secas de polpa para cada nível de refino. Antes de ser levado para o moinho PFI as amostras de polpas foram desagregadas à 1,5% de consistência por 30000 revoluções, em desagregador laboratorial do tipo Regmed. Em seguida, a polpa foi desaguada até a consistência de 10% e distribuída uniformemente na câmara do moinho PFI, conforme norma TAPPI 248 om-08. A intensidade de refino foi expressa em graus Shopper-Rigler (oSR), segundo a norma TAPPI 200 sp-01. O número de revoluções variou com a finalidade de obter curvas de refinação até 45-55oSR, com quatro níveis de refino. A polpa sem refino e refinada, após desagregada por 30000 revoluções, foi transferida diretamente para o homogeneizador e em seguida foram formadas as folhas com gramatura de aproximadamente 60 g/m2e 100 g/m2, de acordo com a norma TAPPI 205 sp-06. Em seguida, foram selecionadas oito a dez folhas para serem submetidas aos testes físicos-mecânicos e ópticos. As propriedades avaliadas foram gramatura, espessura, resistência à passagem de ar, resistência à tração, alongamento, absorção de energia de tensão, resistência ao arrebentamento, resistência ao rasgo, alvura e opacidade. O refino das polpas contribuiu para o desenvolvimento da resistência dos papéis (aumentou a resistência à passagem de ar, a elasticidade, o índice de arrebentamento, resistência ao rasgo), o volume específico aparente do papel tendeu a diminuir com o aumento do número de revoluções e por fim o refino exerceu efeito negativo nas opacidades dos papéis. Conclui-se, portanto, que as propriedades finais do papel são influenciadas diretamente pelo do tempo ou revolução do refino. |