Resumo |
Este trabalho foi elaborado a partir de resultados obtidos no projeto “O espaço construído e o espaço habitado: o processo de representação e ressignificação dos/as beneficiários/as do PMCMV sobre trabalho social”, financiado pelo CNPq/Ministério das Cidades e executado pelo NIEG/UFV. A implantação do Programa Minha Casa, Minha Vida em Viçosa ocorreu no ano de 2011.Atualmente conta com três Conjuntos Habitacionais (CH): Coelhas e Sol Nascente compostos por 255 casas e o Floresta, com 80 apartamentos. Nestes conjuntos, a média de famílias chefiadas por mulheres é de 88%, com renda familiar em torno de 1SM. Foram analisadas as representações dos/as beneficiários/as dos CH's sobre os eixos do trabalho social: mobilização e organização comunitária, educação sanitária e ambiental e geração de trabalho e renda. A metodologia incluiu a realização de técnicas de Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) sendo utilizadas: Diagrama de Fluxo e de Venn, Caminhada Transversal e Mapa Falado, além do grupo focal e entrevistas semi-estruturadas. Com relação à mobilização e organização comunitária, nos CH's Coelhas e Sol Nascente, percebeu-se dificuldade na organização e associação dos moradores pelo desinteresse na participação em questões coletivas,assim como no Floresta, porém, neste CH, devido sua disposição em prédios e maior proximidade entre os moradores, a resolução dos problemas coletivos acontece com mais efetividade. A percepção sanitária e ambiental nos três CH's não difere entre si, no entanto, questões que interferem diretamente no cotidiano dos/as moradores são mais perceptíveis. No Coelhas e Sol Nascente, por exemplo, a questão do esgotamento sanitário é evidenciada, não pela provável contaminação de solo e água e transmissão de doenças, mas pelo mau cheiro provocado. No Floresta, o incômodo é pela disposição irregular dos resíduos sólidos gerados nos apartamentos que, além dos conflitos pessoais, podem causar doenças. O interesse na geração de trabalho e renda no Sol Nascente e Coelhas se resume a estratégias individuais, onde poucos moradores comercializam produtos como verduras, refrigerantes e cigarros. No Floresta, o interesse em organizar atividades que gerem recursos financeiros e ocupação é maior, no entanto, não há prática efetiva de mobilização para viabilização de tais atividades. Conclui-se que as dificuldades de mobilização e organização comunitária são diferentes entre os conjuntos habitacionais, sendo maiores nos CH's Coelhas e Sol Nascente. Nos três conjuntos, a preocupação com o meio ambiente está relacionada a implicações/incômodos que afetam diretamente o cotidiano dos/as moradores e menos à conscientização sobre a importância ambiental. A dificuldade em se criar formas de geração de trabalho e renda está relacionada à ausência de organização e participação dos moradores nas resoluções dos problemas locais e reconhecimento de direitos e deveres enquanto cidadãos/ãs. |