Resumo |
O termo biorrefinaria é relativamente recente e refere-se à conversão da biomassa, fonte renováveis, numa gama de produtos de bens de consumo em substituição aos produtos derivados do petróleo, fonte não renovável, como os plásticos, por exemplo. No Brasil, do total de plásticos rígidos e filmes flexíveis produzidos, 16,5% é reciclado, o que equivale a duzentas mil toneladas por ano. A maior limitação para a reciclagem é a diversidade das resinas empregadas, o que cria dificuldades para a separação e reaproveitamento das mesmas. A dificuldade de reciclagem da maioria das embalagens sintéticas disponíveis tem incentivado pesquisas nacionais e internacionais no sentido de incrementar e, ou, desenvolver materiais biodegradáveis com características que permitam a sua utilização em embalagens. Este trabalho teve como objetivo o isolamento de xilanas de três biomassas (bagaço de cana-de-açúcar, sabugo de milho e casca de arroz), utilizando a metodologia de extração alcalina. Inicialmente, as biomassas foram moídas e classificadas em peneiras, sendo aceito o que passou em peneira de 60 e retida em peneira de 40 mesh. Posteriormente, houve a remoção dos extrativos com acetona em extrator tipo Soxhlet. As biomassas foram deslignificadas pelo método do clorito modificado (utilizando água, solução de acetato de sódio, solução de clorito de sódio e ácido acético), seguida de extração alcalina das xilanas (holocelulose seca de cada biomassa deslignificada com uma solução de hidróxido de potássio que depois teve o pH ajustado com ácido acético e o volume da solução foi dobrado com etanol para a precipitação das xilanas). Os biofilmes foram preparados segundo a técnica “casting”, trabalhando-se a 4% de material polimérico e 40% de glicerol base amido. Foram confeccionados filmes de amido associados com as xilanas em teor crescente (0, 1, 2, 4 e 8%); os filmes sem xilanas foram confeccionados como referência. De acordo com os resultados alcançados neste trabalho, pode-se concluir que foi relativamente fácil implementar a metodologia de isolamento de xilanas em escala de laboratório para as biomassas bagaço de cana e sabugo de milho. Por outro lado, algumas adaptações foram feitas para se obter a xilana da casca de arroz. Os resultados de HPLC e de FTIR mostraram que os materiais isolados continham xilanas em maior proporção, confirmando a presença desse tipo de poliose nas biomassas. As xilanas isoladas não se apresentaram puras, ou seja, continham glicose por HPLC e lignina por FTIR. Os filmes se apresentaram transparentes embora sua coloração fosse escurecendo com o aumento do teor de xilanas. De acordo com os resultados de espessura, houve uma tendência de aumento de valor com a retração do diâmetro dos filmes à medida que o teor de xilana foi aumentado. Não houve dificuldades associadas à formação dos filmes, concluindo que a técnica descrita poderá ser aplicada a outras biomassas, desde que sejam seguidas com atenção as etapas de preparo do filme. |