Resumo |
O uso de inseticidas botânicos está aumentando no Brasil, o que supostamente pode prejudicar populações de abelhas silvestres brasileiras, importantes polinizadores de plantas nativas e cultivadas. Neste trabalho, investigamos se a ingestão do óleo de nim altera o desenvolvimento do sistema reprodutor masculino de abelhas indígenas sem ferrão (Hymenoptera: Apidae, Meliponina). Para isso, foram realizadas coletas de favos de cria em colônias de Partamona helleri, espécie abundante em Viçosa, MG. Os favos continham ovos e alimento larval, que foram transferidos para células artificiais de cria, mantidas em condições controladas. As células de cria foram acondicionadas em frascos dessecadores e em BOD, em temperatura de 28ºC e 98% de umidade relativa e 24 horas de escotofase. O desenvolvimento dos ovos foi acompanhado diariamente e, após a emergência, os machos de P. helleri foram identificados. Esses insetos foram transferidos para Placas de Petri e submetidos à ingestão de alimento contendo água e sacarose (tratamento controle) ou à ingestão do mesmo alimento contaminado com o inseticida (0,3µg de azadiractina/mL de xarope de açúcar, que corresponde à dose de campo). As diferentes dietas foram oferecidas ad libitum durante 10 dias consecutivos a partir da emergência. Quando completaram 10 dias, os machos dos dois tratamentos foram dissecados para retirada dos testículos, das vesículas seminais e do ducto ejaculatório. Posteriormente, os órgãos foram desidratados em uma série alcoólica crescente e incluídos em historesina. As lâminas histológicas foram coradas com azul de toluidina e observadas com auxílio de um microscópio óptico. As análises demonstraram que a ingestão de nim não alterou a morfologia do sistema reprodutor masculino de P. helleri. A ingestão do inseticida também não comprometeu a migração dos espermatozoides para as vesículas seminais, pois, em ambos os tratamentos, as vesículas continham espermatozóides. Portanto, o nim não alterou o processo de espermiogênese, nem a mobilidade dos espermatozóides de P. helleri. Consequentemente, concluímos que a ingestão de nim não altera a maturação sexual de machos de P. helleri. |