Resumo |
O mapeamento geoquímico ambiental tem assumido importância crescente nos últimos anos por ser uma alternativa reconhecida para quantificar e identificar as condições geoquímicas de determinada área. Ademais, informações valiosas podem ser obtidas quando se correlacionam mapas geoquímicos com dados geológicos. Dado que a variação das concentrações de elementos químicos se deve a diversos processos, estas podem ser influenciadas sobremaneira por atividades antrópicas. O objetivo deste trabalho foi realizar um diagnóstico geoquímico e geoambiental da sub-bacia hidrográfica do rio Parauninha, cujos rios principais, Parauninha e Lambari, são afluentes do rio Santo Antônio, um importante tributário da bacia do rio Doce. Foram coletadas 74 amostras de sedimentos de fundo de canais fluviais em áreas representativas das diversas unidades litológicas para avaliação das concentrações dos elementos químicos. Os elementos maiores, menores e traço da fração granulométrica silte e argila foram determinados por ICP-OES. O mapeamento geoquímico foi desenvolvido utilizando-se do método de interpolação IDW (ponderação pelo inverso da distância), disponível no software ArcMap versão 9.2, do ESRI®. Com relação à composição geoquímica de sedimentos, foram aplicadas metodologias estatísticas de análises multivariadas para avaliar as distinções entre as micro-bacias contíguas com base na litologia local e estabelecer os valores de referência para a região, buscando as distinções entre as fontes geogênicas e prováveis interferências antropogênicas. Os resultados demonstraram que elementos de natureza litofílica foram os que mais fortemente separaram as micro-bacias. Os valores de referência definidos neste trabalho para a sub-bacia indicam que os elementos Cu, Co, Ni, Zn e Cr na micro-bacia do rio Parauninha estão abaixo dos valores determinados pela CETESB 195/05 e que os elementos Ba, Pb e Cr na micro-bacia do rio Lambari apresentaram valores acima do que preconiza esta legislação. Observa-se localmente ocorrência de anomalias naturais de elementos relacionados à litologias, onde concentrações de Fe, Zn, Ni, Co, Cu e Cr refletem a abundância em intrusões máficas; anomalias de P, Fe, Co e Ti estão associadas ao litotipo fosfático. Anomalias de Pb parece ter origem em fontes antropogênicas. Muitos desses elementos são influenciados por mecanismos de sorção em argilo-minerais e óxidos e hidróxidos de Fe e Al. Estes resultados comprovam que as concentrações anômalas são decorrentes da influência geológica e pedológica, uma vez que a área em estudo é predominantemente rural e situa-se próxima a uma unidade de conservação e, portanto, livre de interferências antrópicas diretas. O processamento de imagem em aplicações de SIG, incorporado ao conhecimento prévio das condições físicas e geoquímicas da área, permitiu separar padrões geoquímicos em componentes que refletissem processos geológicos locais com interferências antrópicas pontuais e quanto são expressivas. |