Resumo |
Os herbicidas são largamente utilizados em todo o mundo, visando controlar plantas daninhas que competem com as culturas de interesse. Porém estes muitas vezes são utilizados de forma indiscriminada, podendo causa prejuízos a meio ambiente e consequentemente, desequilíbrio nos ecossistemas. Isto ocorre principalmente ao se aplicar herbicidas que apresentam longa meia-vida no solo, como o sulfentrazone que é um herbicida pré-emergente muito utilizado no Brasil, principalmente nas culturas de cana-de-açúcar e soja, podendo causar a contaminação de extensas áreas e inviabilizar o cultivo em sucessão de culturas susceptíveis ao xenobiótico em questão, além do risco de contaminação de águas superficiais e subterrâneas. Dentre as técnicas usadas para reduzir o efeito residual desse herbicida no solo e o seu impacto ambiental, destaca-se a fitorremediação, que é o uso de plantas, associadas ou não à microbiota do solo, para acelerar o processo de degradação desse composto. Desta forma, objetivou-se avaliar a atividade biológica do feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) na remediação de solos contaminados com o sulfentrazone, utilizando o sorgo (Sorghum bicolor) como espécie bioindicadora. O solo foi preparado de forma convencional. O sulfentrazone foi aplicado na dose de 1,0 kg/ha. Aos 30 dias após a aplicação foi realizado o semeio da C. ensiformis, na densidade de 140 mil plantas/ha, sendo dessecadas 75 dias após o plantio com aplicação conjunta de Glyphosate + 2,4-D, sendo feito o semeio do sorgo em seguida. Foram avaliados seis tratamentos com quatro repetições dispostos em blocos casualizados, em esquema fatorial 2x3 (com e sem aplicação do herbicida associados a três manejos: não cultivo da planta remediadora, planta remediadora cultivada e incorporada ao solo ou capinada e retirada da área). Aos 120 dias, no ato da colheita, foi avaliado o peso da matéria seca, número de plantas e produtividade. Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Notou-se que onde foi aplicado herbicida e não foi cultivado o feijão-de-porco ocorreu menor acúmulo de matéria seca em relação à aplicação de herbicida e o cultivo deste. Percebeu-se também que quando se aplicou o herbicida e não foi cultivada a planta remediadora, o número de plantas e a produtividade foram inferiores ao tratamento que não recebeu aplicação de herbicida e não foi cultivado com o feijão-de-porco e também aos tratamentos que receberam herbicida e foram remediados, ressaltando o efeito prejudicial do composto químico na cultura do sorgo quando não há o pré-cultivo com feijão-de-porco. Não houve diferença de produtividade entre os solos remediados, ou seja, entre os tratamentos com planta incorporada e planta capinada e retirada da área. Concluiu-se que o feijão-de-porco possui capacidade de remediar solo contaminado com sulfentrazone, independentemente do manejo da planta remediadora. |