Ciência e Tecnologia: bases para o Desenvolvimento Social

20 a 25 de outubro de 2014

Trabalho 2874

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Biológicas e da Saúde
Área temática Doenças, reprodução e comportamento animal
Setor Departamento de Biologia Animal
Bolsa Outros
Conclusão de bolsa Não
Apoio financeiro Outros
Primeiro autor Cesar Augusto David Alves Dias
Orientador VANNER BOERE SOUZA
Outros membros Clarice Silva Cesário, Renata Barcelos Repolês
Título Pistas comportamentais expressas no corpo de quatis Nasua nasua de vida livre
Resumo Os quatis são onívoros generalistas, sendo os invertebrados um dos itens mais consumidos em sua dieta. Para capturá-los em fendas estreitas, entre o substrato, no subsolo ou no interior de bromélias, os quatis utilizam seu faro bastante sensível e suas garras anteriores. A busca ativa por alimento e as interações agressivas, sobretudo em contextos reprodutivos, deixam marcas no corpo de quatis, como ferimentos e cicatrizes. Investigou-se a alopecia em membros torácicos como indicativo da freqüência de seu uso no forrageio e caracterizaram-se feridas para a busca da causa. Foram capturados 49 quatis de vida livre com armadilhas no Parque das Mangabeiras, no Parque Nacional do Caparaó e na Estação Ecológica Água Limpa (processo nº03/2013 – CEUA/UFV, protocolo nº37225-2/2013 - SISBIO), entre julho de 2012 e junho de 2013. Aplicou-se a associação anestésica de cetamina (100mg/ml na dose de 15mg/Kg) com xilazina (1% na dose de 1mg/kg) por via intramuscular e realizou-se exame físico veterinário. Detectou-se um padrão de alopecia oval nas regiões mediana, lateral e dorsal no terço final dos membros torácicos. Os animais não apresentaram pruridos ou infestação parasitária. Nas lesões não havia secreção, úlcera, escarificação ou exposição do tecido subcutâneo. A alopecia foi, muito provavelmente, ocasionada por fricção e lambedura, decorrentes dos movimentos repetitivos com os membros na busca do alimento. O acometimento foi de 4,5%, 26,3% e 75% nas respectivas populações, inversamente proporcional aos graus de uso humano observados nestas unidades de conservação. Nas feridas incisas, por outro lado, havia exposição do tecido subcutâneo, eventualmente camada muscular. Elas eram bilaterais, podendo haver duas em um dos lados, retilíneas ou em meia-lua, com até 10 cm de comprimento. Localizavam-se no terço final do tronco, região por onde machos, vigorosamente, apreendem as fêmeas durante a cópula. Estas injúrias foram observadas em fêmeas no cio durante o período estral, sugerindo que seja resultado das interações sexuais. Apenas um macho foi capturado no mesmo período, e este apresentou múltiplas injúrias. Este achado concorda com os relatos em literatura que afirmam que a disputa por fêmeas envolve lutas. Devido à natureza oportunista dos hábitos alimentares e à sua adaptação a ambientes perturbados, os quatis têm consumido alimentos providos por humanos em regiões turísticas. Desta forma é de se esperar que aqueles que utilizam mais intensamente estes recursos alimentares reduzem o tempo de busca e exploração de recursos disponíveis no ambiente selvagem. Isto pode explicar a prevalência crescente de alopecia nas populações sob menor influência antrópica. Apesar de serem feridas profundas, as fêmeas permanecem passivas durante a cópula. Estas injúrias parecem não causar danos severos à sua saúde, já que a recuperação e a cicatrização são rápidas, observáveis na recaptura.
Palavras-chave Alopecia, feridas, quatis.
Forma de apresentação..... Oral
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