Resumo |
As histórias em quadrinhos(HQ’s) são narrativas em sequência mantidas a partir de uma noção de espaço. São consideradas como um meio de comunicação que integra elementos verbais e não verbais, constituídos, quadro a quadro. Com a finalidade de estabelecer diálogo entre formas comunicativas, a linguagem HQ pode ser identificada através de balões, onomatopeias, interjeições, linhas, traços e outros códigos linguísticos que compõem esse universo para a construção de uma narrativa quadrinística. Ao longo do tempo, boa parte do que se conheceu sobre histórias em quadrinhos carregou uma definição limitada, como destinada à leitura infantil, sendo pouco distinguida entre gibis, mangás e outras formas de atividade gráfica (MCCLOUD, 2005). O ato de comunicar neste sentido teve um papel fundamental à difusão das HQ’s, a partir da invenção da imprensa e a descoberta de mecanismos que aumentassem a produção gráfica (MCCLOUD, 2005). No entanto, em alguns momentos da história, essa prática comunicativa atuou de forma contrária à abertura da indústria gráfica, como na instauração do Comics Code, um código de censura idealizado por uma associação formada pelas principais editoras e distribuidoras de HQ’s de super-heróis, com apoio da imprensa e outros setores da sociedade civil (DE CAMPOS, 2013). Neste cenário, os quadrinhos underground foram essenciais à luta pela liberdade de expressão artística de ilustradores, cartunistas e desenhistas, nos Estados Unidos. Tendo à frente do movimento, o autor de quadrinhos, Robert Crumb, o presente trabalho pretende mostrar de que maneira as HQ’s de Crumb podem ser vistas como um fenômeno na área da comunicação visual. O objetivo é evidenciar a importância da produção de quadrinhos underground, sua representação em contextos socioculturais e relação com produções mais recentes. Do mesmo modo, faz-se necessário um entendimento da forma como os quadrinhos se consolidaram nos estudos de comunicação, a partir do próprio surgimento da história underground dos HQ’s. |