Resumo |
No contexto das pesquisas educacionais brasileiras, as formas de aprendizagem discentes, os saberes em suas diversidades e complexidades, são temáticas bastante exploradas pelos pesquisadores. A teoria dos estilos de aprendizagem discutida no Brasil apresenta uma série de abordagens. Entre as diversas linhas de estudo está a que tenta buscar alternativas para aliar o estilo de aula do professor ao público heterogêneo de alunos. O objetivo deste estudo é avaliar como o ensino pode se beneficiar do conhecimento dos estilos de aprendizagem, estilos de ensino e dimensões culturais. O trabalho consiste em: 1) identificação dos diversos estilos de aprendizagem apresentados por alunos de graduação da UFV, através da aplicação do teste ILS (Index of Learning Styles) baseado no modelo de estilos de aprendizagem de Felder & Silverman; 2) identificação das dimensões culturais através do teste VSM 94 (Value Survey Model 1994), baseado no modelo proposto por Hofstede que se caracteriza em 5 dimensões, e 3) identificação dos estilos de ensino dos professores da UFV, através da aplicação do instrumento CEE (Cuestionario Estilos de Enseñanza), baseado no modelo de estilos de ensino de Martízes-Geijo. O teste ILS leva a um perfil de aprendizado definido por quatro características dicotômicas, com diferentes graus de intensidade (forte, moderado e fraco). O formulário (ILS e VSM) foi aplicado em estudantes, entre os meses de outubro de 2013 e junho de 2014, abrangendo um total de 386 alunos. Já o formulário CEE foi aplicado aos professores através de uma plataforma online, entre os meses de abril e junho de 2014 e contou com a participação de 141 docentes. O trabalho em questão dispõe de análises descritivas e estatísticas dos dados, sob diferentes perspectivas: geral e por Centro de Ciência. Foram realizadas comparações entre os estilos de aprendizagem predominantes dos alunos e dos estilos de ensino dos professores. Os resultados encontrados apontam pra um perfil predominante para a amostra de estudantes: “Reflexivo”, “Sensorial”, “Visual” e “Sequencial”. Quanto à dimensão cultural os estudantes apresentaram a “Masculinidade” como fator predominante. Quando correlacionadas os estilos de aprendizagem com as dimensões culturais, gênero, características da escola no 2° grau e renda familiar, percebe-se que essas correlações não podem explicar a preferência nos estilos de aprendizagem, porém existe associação positiva. Para a amostra de docentes, nos quatro centros de ciências se observa que os estilos de ensino “Aberto” e “Funcional” predominam nos quatro centros. Pode-se afirmar ainda que os estilos de aprendizagem e de ensino são qualidades contínuas e não características únicas, e, como toda e qualquer medida de uma dimensão intrínseca ao sujeito, elas podem variar com o tempo, não devendo ser consideradas características estáticas, sofrendo influência das estratégias instrucionais adotadas, do conteúdo das disciplinas e do ambiente educacional. |