Resumo |
Diversas foram as mudanças econômicas e financeiras ocorridas no cenário mundial nos últimos anos, com destaque, principalmente, para o “boom” financeiro (2002-2007) e a crise financeira de 2008. Nos anos 2002 a 2007, ocorreu o que se chama de “boom” nos preços dos ativos: ampliação da oferta de créditos, incremento do mercado acionário e dos mercados emergentes. A partir de 2008, por outro lado, ocorreu a desaceleração econômica de âmbito mundial, que teve como estopim o colapso das Hipotecas Imobiliárias nos Estados Unidos. No Brasil, a crise do subprime adquiriu caráter sistêmico em setembro de 2008, limitando os canais de crédito. Com isso, diversas foram as medidas de política macroeconômica de incentivos a setores específicos, como o da construção civil, lançadas pelo Governo Federal e focadas em amenizar o impacto da crise, retrair o desemprego e as incertezas em relação ao futuro. Nesta perspectiva, a questão que se busca responder é: como as empresas do setor da construção civil compuseram as suas estruturas de capital nos anos 2005 a 2013? Este trabalho possui como objetivo principal analisar a estrutura de capital das empresas da construção civil –de capital aberto – com ênfase no exame do comportamento dos indicadores de estrutura de capital no período 2005-2013, considerando-se dois subperíodos: o primeiro de 2005 a 2007 (boom financeiro) e o segundo de 2008 a 2013 (crise de 2008). Para tanto, realizou-se um estudo descritivo, explicativo e quantitativo. Os dados levantados são de natureza secundária, tendo sido obtidos a partir das demonstrações financeiras das empresas selecionadas, no sítio eletrônico da BM&FBOVESPA. Sendo assim, analisou-se a composição da estrutura de capital de oito empresas do setor da construção civil, que se encontram listadas na Bolsa de Valores, no período estabelecido. Utilizou-se a estatística descritiva e o teste de médias (teste t). Verificou-se que as empresas analisadas apresentaram em suas estruturas de capital elevados índices de endividamento, níveis consideráveis de imobilização e significativa proporção de dívidas vencendo no longo prazo, o que garante uma segurança financeira, o que parece ser uma situação comum para as empresas do setor da construção civil. Ao observar as empresas analisadas, tendo como base os resultados do teste t, pôde-se constatar que estas apresentaram comportamentos semelhantes para gerenciar suas respectivas estruturas de capital. Em geral, estas utilizam maior proporção de capitais de terceiros em relação ao capital próprio. É homogêneo, também, o fato das dívidas permanecerem menos concentradas no curto prazo no período pós-2008. Todavia, pode-se também identificar que existem empresas com níveis de endividamento muito elevados e que vem apresentando prejuízos em períodos consecutivos, indicando a necessidade de adoção de medidas imediatas para reversão desse quadro. |