Resumo |
Mancozeb é um fungicida utilizado em lavouras brasileiras, principalmente em fruticulturas. Sabe-se que morcegos que se alimentam de frutos contaminados com este fungicida apresentaram alterações metabólicas e hepáticas. Não há relatos sobre seu efeito no epidídimo, importante órgão reprodutivo responsável pela maturação e estocagem de espermatozoides. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do mancozeb sobre parâmetros histomorfométricos epididimários. Foram utilizados morcegos da espécie Artibeus lituratus (n=15) divididos em três grupos (G=5/grupo). Animais do grupo G1 (controle 1) foram alimentados com mamão sem mancozeb e espalhante, enquanto que animais do G2 se alimentaram de mamão com espalhante adesivo (1 mL/L; controle 2) e do G3 receberam mamão com calda de espalhante adesivo (1 mL/L) e mancozeb (2 g/L) durante 7 dias. Os epidídimos foram obtidos após eutanásia (CEUA 106/2014) dos animais no oitavo dia de experimento, sendo eles fixados inteiros em solução de Karnovsky e incluídos em resina. Imagens microscópicas de 10 cortes histológicos de cada região epididimária, cabeça, corpo e cauda (aumento de 200X), foram analisadas no software Image Pro Plus 4.5, mensurando-se altura de epitélio (µm) e diâmetros, luminal e tubular (µm). A proporção volumétrica (%) de epitélio, lúmen e interstício foi avaliada através da contagem de 234 pontos sobre 10 cortes histológicos/região em aumento de 200X. Os resultados foram submetidos a ANOVA, sendo as médias comparadas pelo teste de Student-Newman-Keuls a 5%. Os resultados obtidos mostraram que houve um aumento no percentual de epitélio da região da cabeça epididimária nos animais do G3 (61,14 ± 3,05) em relação aos animais de G1 (52,0 ± 3,37) e G2 (51,2 ± 2,51). O percentual de interstício, na mesma região, foi menor em G3 (28,10 ± 3,86) que em G1 (36,0 ± 1,21) e G2 (36,77 ± 1,66). A região do corpo apresentou um aumento no diâmetro tubular médio em animais do G3 (148,75 ± 9,65) em relação aos animais do G1 (125,53 ± 10,05), e um aumento no percentual médio de interstício em G2 (40,0 ± 4,57), quando comparado com G1 (31,70 ± 4,56) e G3 (28,09 ± 6,77). Não foram observadas alterações histomorfométricas na região epididimária da cauda nos animais avaliados (P >0,05). O aumento no percentual de epitélio pode ter contribuído para a redução do percentual de interstício em animais tratados com mancozeb, quando analisada a região da cabeça. A ausência de alterações na região da cauda mostra que as porções mais proximais do epidídimo, relacionadas com a maturação espermática, foram mais sensíveis ao efeito do fungicida, considerando-se dados histomorfométricos. Sabe-se que o mancozeb altera o metabolismo de andrógenos, reduzindo a produção de andrógenos, que afeta a funcionalidade das células epiteliais epididimárias. Pode-se concluir que morcegos expostos ao mancozeb por 7 dias apresentam alterações histomorfométricas nas regiões epididimárias da cabeça e corpo. |