Resumo |
Os estudos sobre aos bairros de periferia indicam que os mesmos sofrem processos de segregação socioespacial ocorridos na maioria das cidades. As periferias, de modo geral, são espaços habitados pelas classes menos favorecidas, marcados pela criminalidade e violência, resultante da precariedade nos diversos serviços públicos localizados no mesmo. No que diz respeito à educação, os estudos de Batista et. al (2013) e Padilha et. al (2013) mostram que, nos locais por eles pesquisados, o Ideb das escolas periféricas é significativamente mais baixo que aquele observado em outras regiões das cidades. Assim, nota-se que os estudantes que residem nas periferias têm grandes desafios quando almejam ingressar na educação superior. Diante disso, surgiu o interesse em desenvolver a presente pesquisa que tem por objetivo conhecer, descrever e analisar as trajetórias escolares de estudantes oriundos das camadas populares, que residem no bairro de Nova Viçosa e que ingressaram na Universidade Federal de Viçosa. A pesquisa tem como base teórica os estudos de Negri (2008); Padilha et. al (2013); Batista et.al (2013); dentre outros, que tratam da segregação escolar nos bairros periféricos e as trajetórias escolares de estudantes das camadas populares. Para seleção dos sujeitos, foram observados os seguintes critérios: ser proveniente de camadas populares, morar no bairro Nova Viçosa e ter ingressado na Universidade Federal de Viçosa no ano de 2014. Acredita-se que, por esses estudantes terem saído recentemente do Ensino Médio, eles podem contribuir de forma mais proveitosa para esta pesquisa. Para a geração de dados utilizou-se a entrevista semiestruturada. Os dados iniciais indicam que os estudantes provenientes do bairro de Nova Viçosa contaram com o apoio familiar durante toda a trajetória escolar na educação básica, especialmente no que se refere à escolha do estabelecimento de ensino e o evitamento de que os filhos fossem influenciados negativamente pela convivência com moradores do bairro, que pudesse afastá-los das atividades escolares. Os dados também indicaram os incentivos que os sujeitos investigados receberam de seus professores e de amigos para a realização do Enem. Os universitários investigados, conciliam estudo e trabalho e expressam em seus relatos autonomia na condução de seus percursos escolares longevos, por exemplo, utilizando o tempo livre para se preparar para o ENEM e matriculando-se em cursinho popular preparatório para o Exame. |