Resumo |
Entre os fatores limitantes na produção da soja têm-se a lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis), um inseto que é capaz de causar injúria desde a sua emergência até a maturação fisiológica. Sabe-se que as plantas têm diferentes mecanismos de defesa e, dependendo do sistema de resistência utilizado, pode haver interferências negativas sobre o desenvolvimento dos insetos. Com base nisso, inibidores de protease (IP’s) têm sido um alvo promissor de defesa das plantas a insetos. Acredita-se que os IP’s metabolizados com o ataque de insetos herbívoros inibem proteases digestivas no intestino de larvas, limitando a disponibilidade de aminoácidos da dieta e, consequentemente, afetando a síntese de proteínas necessárias para desenvolvimento dos insetos. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito dos cultivares de soja com diferentes padrões de resistência a insetos sobre o perfil enzimático do intestino médio de A. gemmatalis. Lagaratas de 4o e 5o ínstar foram alimentadas com folhas de soja, no estádio V3, de quatro cultivares com diferentes graus de resistência a insetos (IAC-17, IAC-18, IAC-19, IAC-24) e uma suscetível (IAC PL-1). Após a injúria do inseto à planta, foi obtido o extrato enzimático do intestino médio das lagartas para determinar a concentração de proteína e as atividades proteásica, amidásica, esterásica e cesteíno protease. Observou-se que no decorrer do tempo de ataque das lagartas, a atividade proteolítica decresceu significativamente. A cultivar IAC-19 foi a que apresentou, em relação as demais, uma diminuição mais acentuada desta atividade. A atividade amidásica, em relação à variável tempo, não deferiu estatisticamente. Entretanto, a interação cultivar versus tempo apresentou diferença significativa. Nas cultivares IAC-17 e 18 foi observada uma diminuição da atividade amidásica com o passar do tempo de injúria do inseto, diferentemente do verificado na IAC-19. Já para as lagartas alimentadas com as cultivares IAC-24 e IAC-PL-1 foi observada uma similaridade na atividade amidásica do intestino dessa praga, no qual a atividade se manteve constante durante todo o período de injúria. Foi verificada diferença significativa para a atividade esterásica em relação à variável tempo, fato esse não observado para interação cultivar versus tempo. No tempo de 24h notou-se um sutil aumento na atividade esterásica do intestino das lagartas alimentadas com as diferentes cultivares. Já no período de 48h verificou-se aumento significativo na atividade esterásica. A atividade cisteíno protease no intestino das lagartas alimentadas com as cinco cultivares testadas, tanto em relação ao tempo quanto entre as cultivares, não apresentou diferença estatística. Conclui-se que determinadas cultivares de soja afetam a atividade das enzimas digestivas de A. gemmatalis, apresentando fatores antinutricionais para seus imaturos, podendo influenciar de forma negativa no seu ciclo biológico. |