Resumo |
O leite cru mantido em temperaturas de refrigeração por períodos prolongados pode ter sua qualidade comprometida em função da multiplicação de organismos psicrotróficos como a Pseudomonas fluorescens 07A, uma bactéria altamente proteolítica isolada de leite cru. Para contornar este problema tem sido sugerido o uso de bacteriófagos, como o fago UFV-P2, que mostrou grande capacidade em inibir a proteólise do leite por essa bactéria. Assim, o objetivo principal deste trabalho foi caracterizar o fago UFV-P2 em relação ao seu conteúdo de proteínas estruturais e gama de hospedeiros. As culturas microbianas foram ativadas em meio Luria Bertani (LB) e incubadas a 30°C por um período de 24 horas. Após esse período eram coletadas colônias isoladas, as quais eram transferidas para o meio LB líquido e incubadas a 30°C até que atingissem a fase logarítmica de crescimento. Uma solução contendo o fago foi, então, utilizada para infectar células da bactéria P. fluorescens 07A, além de diferentes culturas de Staphylococcus aureus. Brevemente, 200 μL da solução contendo o fago UFV-P2 diluído foram adicionadas a soluções contendo as bactérias testadas em fase exponencial de crescimento e, então, plaqueadas pelo método da dupla camada. Os placas foram incubadas a 30°C durante 24 h e o número de placas de lise, sua opacidade e diâmetro foram avaliados. O perfil de proteínas estruturais foi verificado por eletroforese em gel de poliacrilamida a 12% sob condições desnaturantes (SDS-PAGE) a 190 V por 1 h. O fago não foi infectivo sobre as diferentes cepas da espécie S. aureus, bactéria estafilocócica gram-postiva, o que pode ser um indicativo da sua especificidade, ao menos entre grupos diferenciados pela coloração de Gram, uma vez que Pseudomonas são bactérias gram-negativas. As placas de lise observadas em P. fluorescens se mostraram opacas, indicando que possivelmente trata-se de um fago temperado. Com relação ao perfil de proteínas, ao menos seis bandas observadas no gel de poliacrilamida eram exclusivas ou abundantemente concentradas nas colunas que continham o fago UFV-P2, as quais possuíam pesos moleculares de cerca de 200 (P200), 60 (P60), 30 (P30), 23 (P23), e duas sob 20 kDa. O padrão eletroforético das proteínas virais encontradas nesse estudo poderia ser associado às ORFs anotadas nos módulos de transcrição tardia no genoma do UFV-P2. |