Resumo |
Apesar do rápido processo de envelhecimento populacional, o Brasil possui, na segunda década do século XXI, a maior magnitude populacional jovem de sua história, contribuindo com mais de um terço da população jovem da América Latina. Segundo um estudo da ONU, os jovens brasileiros ocupam o primeiro lugar no ranking relacionado ao consumismo. Nessa conjuntura, é importante estudar as condições socioeconômicas desses jovens e suas relações de consumo, uma vez que constituem a faixa mais nova da população economicamente ativa (PEA) e, em muitos casos, emergem como chefes das famílias brasileiras. O conhecimento mais específico dos aspectos sociais, demográficos, culturais e econômicos, entre outros, do seguimento populacional que está em estudo é de suma importância, uma vez que esses são como um ponto de partida para o estabelecimento de políticas que são demandadas por esses contingentes. É importante também conhecer os bens e serviços que estes grupos estão consumindo, visto que há poucos estudos sobre essa temática e estudos mostram que os jovens constituem o grupo que mais sofre influência da mídia Diante desse contexto, objetivou-se, com esse estudo, analisar e comparar os principais bens e serviços consumidos em domicílios chefiados por jovens. A pesquisa teve caráter quantitativo, com uso de estatística tanto descritiva como inferencial, utilizando os microdados da Pesquisa de Orçamento Familiar 2008-2009 (POF-2008/2009), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como universo de análise, foram escolhidos os jovens de 18 a 25 anos, chefes(as) de unidades domésticas, inseridos no mercado de trabalho, e que viviam em todas as regiões do país pesquisadas pela POF. A partir das informações contidas na POF (2008/2009) os dados foram descritos, analisados e confrontados com a realidade e a fundamentação teórica, utilizando-se o software STATA 12. Os resultados permitiram concluir que há um maior número de jovens homens chefes de família inseridos no mercado de trabalho comparado às mulheres, com mais da metade tendo concluído o ensino médio. Em relação ao consumo, dentre os tipos de bens e serviços mais consumidos por esses domicílios destacaram-se: habitação, alimentação e transporte, e os consumidos em menor quantidade foram o fumo, despesas diversas e educação. A análise de Regressão Linear Robusta (RLR) sugere que o consumo domiciliar é diretamente proporcional ao nível de escolaridade e à idade. Gênero (ser mulher), local de residência (residir na zona rural) e não ter cartão de crédito são variáveis que interferem negativamente no consumo. Por outro lado, os domicílios de chefes(as) da raça branca e de chefes(as) empregadores apresentaram os maiores níveis de consumo. É, portanto, importante o desenvolvimento de estudos mais aprofundados sobre o consumo entre os jovens a fim de evitar o endividamento que influenciará diretamente em sua qualidade de vida e de sua família. |