Resumo |
Partindo de uma série de questões levantadas pelo grupo ARQMnese no ano de 2012, onde foram percebidas relações do homem com o espaço físico onde habita, este projeto se debruça sobre a realidade da cidade de Viçosa-MG propondo a análise da ocupação e interação espacial nos espaços públicos da cidade, a fim de extrair as singularidades dos espaços constituídos pela apropriação que seu uso provoca. De caráter exploratório, esta pesquisa busca levantar informações sobre os espaços públicos determinantes para a consolidação da identidade local e memória afetiva das pessoas que os utilizam. Para tal, primeiro levantou-se um histórico temático dos acontecimentos em tais espaços de Viçosa e seus desdobramentos e em seguida foram escolhidos espaços públicos da cidade para serem analisados partindo dos impactos causados na cidade pela instalação da Universidade, questão pertinente para a realidade de Viçosa principalmente pelo contraste entre o urbanismo planejado da universidade e o desordenado da cidade. Tendo sido constatada, após um mapeamento das praças existentes no município, a sua predominância na área central e a sua quase inexistência em outros bairros, a escolha dos objetos de estudo se deu a partir da dualidade existente entre o ambiente urbano e o acadêmico. Para este estudo inicial, definiram-se duas praças importantes da cidade, Praça Silviano Brandão e Praça do Rosário, e a Praça da Integração, pertencente à Universidade. Dado que a imagem de um meio é fruto de um processo bilateral entre observador e meio, ambos foram analisados de forma conjunta. Utilizou-se o método do Mapa mental, desenvolvido por Kevin Lynch, que é baseado na elaboração de desenhos ou relatos fundados na memória ou na imagem que uma pessoa ou um grupo de pessoas têm de um determinado lugar, permitindo analisar o espaço através da memória provocada nos seus utilitários, trazendo uma síntese de seus marcos na memória de um grupo. Em linhas gerais, notou-se que as praças Silviano Brandão e do Rosário possuem condições muito semelhantes, apropriações, porém diferenciadas. O volume de pessoas que param e ficam é frequentemente maior na segunda praça, apesar de suas menores dimensões. A Praça Silviano Brandão possui a característica de ser para muitos um espaço de passagem, por ter um comércio que atrai muitas pessoas em seus arredores e espaço livre para passagem em seu interior. Dentre todos os objetos de estudo, aquele que possui um uso mais diferenciado é a Praça da Integração: a população busca, não só esta praça, mas todo o campus da Universidade para realizar suas atividades de lazer e descanso, e ainda outros usuários são atraídos pelas programações culturais ali oferecidas. A história da cidade mostra que o contraste entre o espaço planejado da universidade e o não planejado da cidade e o desequilíbrio entre espaço público e privado são fatores que levam parte da população a usar a universidade para sua recreação, utilizando-a como um parque. |