Resumo |
O projeto Reinventando, proposto pelo governo estadual, e em execução desde ano de 2012, baseia-se nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Estas recomendam uma estruturação dos projetos-políticos pedagógicos das escolas, visando a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando para continuar aprendendo e ser capaz de se adequar posteriormente em diferentes situações. Tal projeto gerou mudanças significativas nas matrizes curriculares das escolas públicas estaduais de Minas Gerais. O currículo das escolas participantes tem carga horária de 3.000 horas distribuídas ao longo de três anos, sendo 2.500 horas de formação geral e 500 horas de formação específica, nas áreas de empregabilidade. Com o acréscimo dos conteúdos interdisciplinares aplicados e conteúdos práticos tornou-se necessário a inclusão do sexto horário e a diminuição da carga horária destinada às disciplinas de ciências naturais (Física, Química e Biologia) que passaram a ter apenas dois horários de aulas semanais. Tal proposta, a despeito de outras possíveis vantagens alegadas, tem gerado um prejuízo significativo para o ensino da disciplina química. No momento, em que, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) em 2012, em ciências, o Brasil obteve o 59° lugar do ranking com 65 países, pode-se considerar oportuno essa redução de carga horária na área de ciências naturais? Não deveria ser exatamente o contrário, enfatizar o ensino de ciências no Ensino Fundamental e fortalecê-lo no Ensino Médio? Na disciplina ciências, a média dos países de Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi de 501 pontos enquanto que no Brasil foi de 405. No exame, 55,3% dos alunos brasileiros alcançaram apenas o nível 1 de conhecimento, ou seja, são capazes de aplicar o conhecimento apenas a poucos eventos de seu cotidiano e dão explicações científicas em situações óbvias que são explícitas em relação às evidências. Esse parco conhecimento das ciências é facilmente detectado quando os alunos do primeiro ano do Ensino Médio são submetidos à uma avaliação diagnóstica. Para sanar essa precariedade torna-se necessário um atendimento especial, no entanto a reduzida carga horária disponível para o trabalho do professor tem dificultado essa recuperação. Os pibidianos atuam fortemente nesse aspecto, atendendo em horários alternativos, oferecendo monitorias com metodologias diferenciadas, mas como essas atividades não tem caráter obrigatório, ainda não atinge a totalidade dos alunos do Ensino Médio. |