Resumo |
Há diferentes maneiras de se habitar o campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e estas se dão nos engendramentos de pessoas em diferentes lugares, como as salas de aula, o barzinho DCE, as festas, os alojamentos estudantis, dentre outros. Os alojamentos estudantis, em especial, aparecem como objeto de estudo interessante, uma vez que, em seus diferentes espaços de convívio, são formados por dinâmicas singulares que surgem em meio aos modos de habitar dos discentes. Assim, o presente trabalho teve por objetivo pesquisar diferentes práticas relacionais construídas no convívio discente no alojamento Bello Lisbôa (também chamado de “Alojamento Velho”) da Universidade Federal de Viçosa/MG, visando problematizar os possíveis impactos sociais e acadêmicos das mesmas na vida estudantil das discentes. Na referida pesquisa, realizamos entrevistas não estruturadas a partir das quais foram feitos levantamentos das histórias de vida de algumas moradoras do alojamento pesquisado. A partir das narrativas que emergiram das entrevistas, pudemos construir um caminho investigativo que indicava que muitas discentes, ao habitarem as moradias estudantis da instituição, fabricavam diferentes experiências de “casa” a partir de composições cognitivas, afetivas, éticas, arquitetônicas, etc, erigidas na complexidade dos convívios. Nesse sentido, acreditamos que os alojamentos não são apenas moradias restritas às estruturas físicas de um edifício, sendo que sua função de “casa” diz respeito a uma multiplicidade que não se resume ao seu aspecto material.Seguindo, portanto, a história das moradoras do Alojamento Velho, percebemos que as moradias estudantis, desse modo, são grandes propiciadoras para a criação de mundos diversos de convívio, uma vez que oferecem às discentes um espaço comum, porém, espaço este constituído de maneira singular, a partir das formas de pensar e de viver de cada um. Dessa maneira, os alojamentos são exemplos dos diferentes espaços que abrigam relações entre pessoas e que propiciam modos de existir. Sendo assim, o nosso problematizar sobre o convívio nos alojamentos da UFV e sobre as múltiplas dificuldades emergentes desses encontros, colocou em cena elementos complexos, o que possibilitou com que problematizássemos não apenas as relações estudantis dentro dos alojamentos, mas, principalmente, como os fatores arquitetônicos a distinguirem os diferentes alojamentos podem interferir nos modos como os estudantes potencializam seus modos de habitar diferentes espaços e a interferência dos fatores arquitetônicos nos modos como os estudantes potencializam ou não práticas de solidariedade ou exclusão. |