Resumo |
A preocupação com a contaminação de áreas de exploração mineral e a pressão por parte da sociedade e de órgãos ambientais promove a busca por técnicas eficientes de recuperação ambiental destes locais. A extração de determinados minerais como ouro está frequentemente associada à geração de drenagem ácida, promovendo a contaminação de áreas adjacentes e mobilização de metais pesados e metaloides, como arsênio (As). Diante disso, são necessários planos de recuperação mais complexos e de elevado custo. Uma vez que as técnicas de recuperação de áreas degradadas pela mineração normalmente estão relacionadas à revegetação, este trabalho teve como objetivo avaliar diferentes materiais e formas de cobertura de substrato sulfetado remanescente de exploração de ouro de modo a fornecer condições para o estabelecimento de vegetação. O experimento instalado em campo consistiu em treze tratamentos, em esquema fatorial (1x1x1) + (2x3x2), com modelo de três camadas acima do substrato sulfetado pouco intemperizado (B2). A primeira, denominada camada de quebra de capilaridade (CQC), que possui a função de evitar a ascensão de água por capiliriade, foi constituida por brita calcária ou laterita. A segunda, denominada camada selante (CS), que possui a função de minimizar a drenagem de água e o fluxo de gases, quando presente, foi constituída por solo ou substrato sulfetado muito intemperizado (B1). A última camada, denominada camada de cobertura (CC), cuja função é dar suporte ao crescimento das plantas, foi constituída de solo ou B1. As espécies utilizadas para a revegetação foram Melinis minutiflora, Mucuna pruriens, Lolium multiflorum Lam, Crotalaria spectabilis e Stylosanthes spp. Os materiais de cobertura foram caracterizados química, física e mineralogicamente. Foram avaliadas, também, quantidade de matéria seca produzida e teores foliares de As por tratamento. O solo apresenta textura muito argilosa (72 % de argila), enquanto o substrato B1 possui textura franco siltosa (65 % de silte). Após treze meses, tratamentos que apresentavam laterita na CQC produziram em média 0,98 t ha-1 (p<0,01) a mais de material vegetal do que os tratamentos que continham brita calcária e os teores foliares médios de As nos tratamentos com brita na CQC foram de 6,12 mg kg-1 (p<0,05) a mais do que naqueles que possuíam lateria na CQC. A diferença da biomassa produzida para os tratamentos com solo ou B1 na CS foi significativa apenas para tratamentos com brita calcária na CQC. Tratamentos que possuíam solo na CS produziram em média 5,16 t ha-1 (p<0,01) a mais de biomassa do que aqueles que possuíam B1 na CS. A presença de solo na CC ocasionou a produção de matéria seca significativamente maior do que nos tratamentos com B1. A utilização de B1, encontrado em grande quantidade na área, representaria considerável redução de custo de recuperação. Porém, observa-se que o uso de solo como constituinte da CS e CC resulta em melhores condições para o estabelecimento das plantas. |