Resumo |
O lançamento de esgotos domésticos sem o devido tratamento nos corpos receptores pode deteriorar a qualidade da água, e acarretar problemas à vida aquática e à população que se abastece da água. Os esgotos domésticos podem conter uma variedade de substâncias capazes de apresentar toxicidade a organismos da comunidade aquática, levando a morte, declínio da reprodução e anomalias fisiológicas. Nesse contexto, o monitoramento de efluentes passou a englobar a avaliação ecotoxicológica além das análises físico-químicas, com a publicação da resolução nº 430 de 2011 do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Porém, somente a avaliação da toxicidade não possibilita a sugestão de ações mitigadoras e efetivas para a redução da mesma. É necessário, portanto, identificar os compostos ou classes de compostos responsáveis pela toxicidade. Com esse objetivo, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos desenvolveu uma metodologia baseada no fracionamento das amostras ambientais por meio de processos físicos e químicos, buscando eliminar ou separar grupos de compostos para verificar seu potencial tóxico, conhecido como Avaliação e Identificação da Toxicidade (AIT). Este projeto buscou caracterizar os esgotos da Universidade Federal e região central de Viçosa quanto à toxicidade e avaliar a contribuição dos esgotos da UFV ao problema. Após a caracterização inicial dos esgotos quanto a demanda química de oxigênio, carbono orgânico dissolvido, pH, nitrogênio, sólidos suspensos totais e toxicidade aguda ao organismo-teste Daphnia similis, foram realizadas as manipulações de aeração, filtração, graduação de pH, quelação (adição de EDTA), redução (adição de tiossulfato de sódio) e extração em fase sólida, de acordo com os protocolos da AIT, e realizados novos ensaios de toxicidade. Assim, foi possível concluir que os esgotos na saída das redes coletoras da UFV apresentam toxicidade originada de surfactantes, compostos orgânicos apolares e não voláteis presentes na fase líquida, e compostos polares voláteis associados a material particulado. Na junção desses esgotos com o da região central de Viçosa, a toxicidade tem origem em compostos orgânicos apolares voláteis presentes na fase líquida além dos já citados compostos polares voláteis associados a material particulado. Recomenda-se dar continuidade aos estudos das fontes de toxicidade para propor métodos para eliminá-la. |