Resumo |
Transtornos alimentares são distúrbios psiquiátricos de etiologia multifatorial, com alta incidência no grupo dos adolescentes, sendo caracterizado por consumo, padrões e atitudes alimentares extremamente alteradas e excessiva preocupação com o peso e a forma corporal. A adolescência é considerada uma fase de insatisfação corporal devido às mudanças físicas ocorridas nesse período, principalmente em relação ao aumento do percentual de gordura corporal no sexo feminino. Essa insatisfação com a imagem corporal é fator de risco para o desenvolvimento dos transtornos alimentares. O estudo objetiva verificar a prevalência de triagem positiva para transtornos alimentares em adolescentes do município de Viçosa-MG e sua associação com a satisfação com o peso corporal. O estudo foi realizado em escolas públicas e particulares, com adolescentes de 15 a 19 anos, com aferição de peso e estatura, pregas cutâneas, aplicação dos questionários de triagem para transtornos alimentares (Eating Attitudes Test – EAT-26 e o Bulimic Investigatory Test Edinburg – BITE) e questionamento sobre a satisfação com o peso corporal. Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa. O banco de dados foi elaborado no Excel e o software SPSS 11.5 foi utilizado para as análises estatísticas. Na primeira etapa do estudo, onde 100% dos estudantes responderam aos questionários EAT-26 e BITE, a prevalência de triagem positiva para transtorno alimentar foi 20,6% (170 dos 826 adolescentes que responderam o EAT-26 e BITE), porém 149 estudantes aceitaram participar das demais avaliações do estudo. Para efeito de comparação sorteou-se 67 adolescentes eutróficos ou com excesso de peso, semelhantes em relação a idade e sexo. Dos 216 adolescentes avaliados, 84,7% (n=183) estavam insatisfeitos com o peso, sendo que 49,4% (n=85) deles gostariam de perder de 3 a 5 quilos. Houve associação entre a satisfação corporal e a triagem para transtorno alimentar (X2=5,55; p=0,018) e satisfação corporal e estado nutricional (X2=2,65; p=0,008). A insatisfação corporal aumentou a chance de ter triagem positiva para transtorno em 2,43 vezes em relação aos adolescentes satisfeitos com o peso (p=0,022), sendo a única variável que se manteve significativa no modelo final. Os estudos sobre satisfação e imagem corporal vêm recebendo cada vez mais atenção, uma vez que, afetam o consumo alimentar, hábitos alimentares e a motivação para mudanças comportamentais, ou seja, constituem o passo inicial para o desenvolvimento dos transtornos alimentares. (Apoio: FAPEMIG) |