Resumo |
O Perfil Descritivo Otimizado (PDO) é uma metodologia sensorial que possibilita a descrição dos atributos presentes dos alimentos de forma rápida, otimizando o tempo e os custos dos testes sensoriais. Nesta metodologia é proposto que julgadores semi-treinados avaliem a intensidade dos atributos sensoriais por meio de uma escala linear de 9 centímetros. Para possibilitar que julgadores com baixo grau de treinamento realizem as avaliações quantitativas de forma consistente é recomendada a apresentação simultânea das amostras no momento da avaliação, além da presença dos materiais de referências (fraco e forte) que ancoram os extremos da escala de avaliação. Com a intenção de evitar a fadiga sensorial, os julgadores realizam a avaliação segundo o protocolo atributo-por-atributo, ou seja, avaliam apenas um atributo por vez. A apresentação simultânea das amostras, juntamente com os materiais de referência, é o “ponto-chave” do PDO e, desta forma, o número de amostras pode ser um fator limitante nesta técnica. O objetivo deste trabalho foi avaliar se o Delineamento em Blocos Incompletos Balanceados (DBIB) pode ser considerado como uma alternativa da coleta dos dados na metodologia do PDO. No DBIB não é realizada a comparação entre todas as amostras, mas somente entre uma fração delas e, portanto, uma avaliação da qualidade dos dados obtidos por meio deste delineamento se faz necessária para aumentar a aplicabilidade desta técnica. Neste experimento, cinco formulações de suco de uva foram utilizadas, as quais apresentavam variação do teor de suco e açúcar. A avaliação sensorial foi conduzida com três equipes independentes, sendo que cada painel avaliou as amostras segundo uma metodologia e delineamento específico. Duas equipes avaliaram as amostras segundo a técnica do PDO, sendo uma equipe conduzida sob o Delineamento em Blocos Completos Balanceados (DBCB) e outra equipe sob o DBIB. A terceira equipe avaliou as amostras por meio da técnica Perfil Convencional (PC), utilizando equipe treinada. Os dados obtidos das três equipes foram comparados em relação à Análise de Variância (ANOVA), ao mapa sensorial e aos modelos de regressão. A partir da ANOVA, as formulações diferiram entre si com relação a todos os atributos (p < 0,05), apresentando poder do teste (1 – β) superior a 0,95. Os mapas sensoriais apresentaram elevada similaridade, com coeficiente RV superior a 0,95. Os modelos de regressão obtidos para os três tratamentos apresentaram overlapping dos intervalos de confiança (IC95%). Como conclusão do trabalho, foi possível constatar que o DBIB se mostrou como uma alternativa à coleta dos dados no PDO sem a perda na qualidade dos resultados, sendo, portanto, atingido o objetivo proposto. |