Resumo |
A saúde mental é um conceito que vai além da ausência de doenças. Na verdade, é o termo utilizado para descrever a qualidade cognitiva e emocional de um indivíduo. As práticas relacionadas à saúde mental evoluíram historicamente, sendo um marco o processo de reforma psiquiátrica. O tratamento vem superando o modelo centrado no hospital, criando propostas terapêuticas de base comunitária, ordenadas pela inclusão familiar e social. Nesse contexto, a Estratégia Saúde da Família (ESF), vem como eixo estruturante para a adoção de novas práticas e cuidados, norteada pela autonomia, integralidade e por um projeto terapêutico singular, de grande valia em saúde mental. A ESF é composta por uma equipe multidisciplinar, com destaque para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), profissionais que atuam na promoção da saúde e prevenção de agravos, mapeando as áreas e encaminhando os usuários no serviço. Um de seus principais instrumentos de trabalho é a visita domiciliar (VD), estratégia que possibilita identificar os problemas e intervir. Porém, muitas vezes por falta de capacitação e dificuldades de lidar com a saúde mental, os ACS encontram barreiras para realizar com efetividade suas funções. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo ampliar a percepção dos ACS sobre o cuidado em saúde mental, a partir da reflexão de suas práticas na UBS de Cachoeirinha em Viçosa - MG. A atividade foi realizada nos dias 26 e 27/06/14, dentro da proposta de ensino da Disciplina de Enfermagem em Saúde Mental e Psiquiatria. Na programação foram incluídas atividades dinâmicas, com vídeo e imagens que demonstravam a história da saúde mental, discussão de instrumento de VD e realização de visita orientada para percepção da vivência prática e associação a questões de direitos do usuário. Ao longo da atividade, foi possível perceber o comprometimento das ACS com o serviço na comunidade, uma vez que, relacionavam a abordagem ao contexto que estão inseridas. As ACS demonstraram suas dúvidas quanto ao tratamento após a reforma psiquiátrica e levantaram questões pertinentes para o cuidado, como o apoio familiar e as dificuldades enfrentadas. Na VD e em sua discussão foi possível perceber, que as profissionais conseguem identificar os fatores de risco dos usuários desenvolverem algum tipo de problema relacionado à saúde mental e como o instrumento de visita proposto se tornou um facilitador do processo. Quanto ao jogo sobre os direitos dos usuários, as ACS evidenciaram amplo conhecimento, o que pode ser relacionado com as discussões anteriores. Dessa maneira, a realização da atividade de ensino se mostrou relevante e uma ferramenta em potencial para a capacitação das ACS, além de contribuir na formação acadêmica dos estudantes de enfermagem. Construir e desconstruir com os profissionais saberes sobre saúde mental proporcionou um conhecimento compartilhado, com a quebra de muitos estigmas instituídos socialmente, que se tornam barreiras para um cuidado digno e humanizado. |