Resumo |
Introdução: A avaliação do estado nutricional e a identificação de parâmetros que se relacionem à baixa aceitação dos alimentos permitem que crianças potencialmente em risco nutricional sejam identificadas precocemente. Objetivo: Avaliar o perfil nutricional de crianças hospitalizadas e verificar a associação entre a presença de marcadores inflamatórios e a aceitação das refeições oferecidas. Metodologia: Foi aferido o peso, o comprimento/estatura e calculado o Índice de Massa Corporal. O estado nutricional foi avaliado segundo as curvas da Organização Mundial da Saúde. A avaliação da aceitação das refeições oferecidas foi realizada por meio de perguntas diretas ao responsável pela criança. As crianças que consumiram menos da metade ou não consumiram pelo menos duas refeições foram classificadas como baixa aceitação. A avaliação bioquímica foi feita mediante consulta ao prontuário médico. As variáveis categóricas foram expressos em valores absolutos e frequência, aplicou-se teste de Kolmogorov-Smirnov para testar a normalidade de variáveis categóricas, as quais foram expressas em mediana (mínimo-máximo), para comparação entre os grupos utilizou-se o teste de qui-quadrado considerando o nível de significância <0,05. Resultados e discussão: Participaram do estudo 208 crianças, com predomínio do sexo masculino (61,5%) e mediana de idade de 21,5 meses (0,1-153). Em relação ao estado nutricional, 80% estavam eutróficas, 10 % apresentavam magreza e 10% excesso de peso. A maior parte das dietas prescritas foi dieta livre (51,4%), seguido da dieta branda (6,3%), sem diferença entre o tipo de dieta e a aceitação da mesma. As crianças que apresentaram concentrações elevadas de PCR (n=85) e leucócitos (n=76) apresentaram baixa aceitação da dieta oferecida (p=0,034 e p=0,040, respectivamente). A maior concentração destes marcadores está geralmente relacionado a quadros inflamatórios e infecções, que comprometem o apetite e, consequentemente, a aceitação das refeições oferecidas. Conclusão: Apesar de ter sido encontrado uma maior prevalência de crianças eutróficas, foi identificado impacto negativo no consumo alimentar em crianças que apresentaram alteração do estado inflamatório. Considerando que a baixa ingestão aumenta o risco de desnutrição, crianças com alteração de PCR e leucocitose devem receber atenção específica. |