Resumo |
A desigualdade de renda é um sério problema para vários países e o Brasil possui um dos piores indicadores de desigualdade de renda, atrás somente de Guatemala, Honduras e Colômbia, segundo um estudo da ONU de 2012. A desigualdade de renda não é um problema somente social, mas econômico por que gera distorções na economia, como ineficiência de políticas econômicas. No entanto, os números mostram que essa desigualdade tem se reduzido nas últimas duas décadas. Quais seriam, então, os principais fatores responsáveis por essa redução? O trabalho teve como objetivo avaliar o grau de importância de algumas variáveis sociais e econômicas para a redução do índice de Gini, que mensura a desigualdade de renda, no período que vai de 1995 até 2009. Esse período corresponde a todo governo de Fernando Henrique Cardoso e parte do governo de Luís Inácio Lula da Silva, considerando dados para os 26 Estados Federativos e o Distrito Federal. Neste trabalho foram analisados dados que incluem o PIB per capita, as pensões e aposentadorias oficiais da Previdência Social, o estoque de empregos na economia, o nível de escolaridade e dois programas específicos do Governo Federal, o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Todas dessas variáveis apresentaram melhorias no decorrer das últimas duas décadas. A escolaridade cresceu substancialmente desde os anos 1980, consolidando o quadro de universalização da educação já nos anos 1990. As transferências de renda do governo também deram um salto desde os anos 1990, principalmente após a união dos diversos programas assistencialistas na forma do Bolsa Família, já no governo Lula. O emprego também foi uma variável que evoluiu principalmente nos últimos anos, finalmente se recuperando da drástica década de 1980, levando alguns analistas econômicos e acadêmicos a cogitarem a possibilidade de pleno emprego na economia brasileira atual. O Bolsa Família foi criado em 2004, enquanto o BPC surgiu em 1996. Ambos os programas representaram um significativo avanço nas políticas de assistência social no Brasil. Os dados tratados e analisados foram retirados do IPEAdata e do IBGE. A metodologia utilizada foi um modelo de regressão linear simples com dados em painel. Todas as variáveis estudadas foram estatisticamente significativas. O estudo mostrou que o crescimento do PIB no período foi importante para a queda no índice de Gini. A relação entre grau de escolaridade e pobreza, renda e desigualdade é algo já bastante discutido e consensualmente se aceita que a elevação do grau de escolaridade da população de um país gera efeitos positivos para a redução da desigualdade de renda, exatamente o que se encontrou nos resultados deste trabalho. Desse modo, pode-se concluir que o crescimento do grau de escolaridade e o aumento da produção foram as variáveis mais importantes para a redução da desigualdade de renda no período 1995-2009. |