Resumo |
A perseguição ao judaísmo é um tema muito difundido no meio acadêmico. Apesar de Hitler ser a figura mais associada a este tema, durante muitos séculos e em diversos momentos da história a religião judaica e seus praticantes foram alvos de descriminação e humilhação. Enquanto esteve funcionando, a Inquisição foi responsável por perseguir, punir e torturar judeus, e mesmo com toda a censura aplicada pelo Tribunal, muitos registros desta época sobre este tema chegaram aos dias de hoje.O trabalho desenvolvido busca compreender a perseguição ao judaísmo pela instituição católica do Tribunal do Santo Ofício enquanto esteve vigente, através da análise de textos de ficção da época. Estudando a obra Menina e Moça (1554) de Bernardim Ribeiro, autor português judeu, através de cada uma das características que a fazem foco no estudo da perseguição judaica (melancolia, amor, bucolismo, etc.)e compreendendo a dinâmica social da época em que o autor viveu, tenta-se desvendar os mistérios de diversas obras que velaram, durante muitos anos através da ficção, fatos reais e sentimentos compartilhados por vários europeus, principalmente portugueses, que professavam a religião judaica. A pesquisa foi realizada através da leitura de livros e artigos sobre o tema, principalmente textos referentes a sociedade portuguesa da época estudada, o funcionamento da Inquisição e análises das obras de judeus perseguidos, além da consulta atenciosa à obra-prima de Bernardim Ribeiro. Com a leitura, buscou-se analisar na obra as principais características que afirmassem o caráter judaico do texto, e assim buscar pontos em comum e que caracterizavam todo o contexto dos judeus portugueses. Assim chegou-se na melancolia, bucolismo, figura feminina e outros pontos que mostram como o autor queria marcar o livro para que os judeus pudessem o identificá-lo. Escondendo-se da Inquisição, Bernardim passou uma mensagem aos que sofriam com os mesmos problemas que ele, e deixou uma relato da situação dos judeus e o que eles sentiam em meados do século XVI. O trabalho pode mostrar não só a literatura deixada pelas vítimas do Tribunal do Santo Ofício, como analisar os as condições de vida dos mesmos, seus sentimentos e suas incertezas acerca de um dos momentos mais trágicos da história do judaísmo. |