Resumo |
Introdução: a avaliação da motilidade intestinal é uma variável utilizada no exame físico geral de um equino, particularmente naqueles com histórico de afecções do trato gastrointestinal. Objetivo: monitorar a frequência dos movimentos intestinais de equinos aparentemente sadios, para verificação do comportamento fisiológico. Material e Métodos: foram utilizados quatro equinos hígidos, machos castrados, com idade entre 8 e 18 anos (15±4,76), pertencentes ao Hospital Veterinário do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa. Os animais eram mantidos livres em piquetes de aproximadamente 0,7 hectares, e já estavam plenamente adaptados ao manejo alimentar que consistia de capim nativo, capim elefante (Pennisetum purpureum) picado e ração com 14% de proteína. Sal mineral e água eram deixados ad libitum. A motilidade do intestino delgado (jejuno) e grosso (ceco e cólons) foi avaliada por auscultação com estetoscópio. O tempo de auscultação variou entre 2 e 5 minutos, sendo os animais avaliados durante um total de 10 semanas no período da manhã e outras 10 semanas no período da tarde. A avaliação foi semanal, e consistiu de duas auscultações por dia (manhã ou tarde), com intervalo de uma hora entre elas, o que resultou em um total de 20 auscultações por período, por animal. Os dados foram avaliados por estatística descritiva. Resultados: independente do período do dia e dos animais avaliados, o número de descargas cecais se mostrou bastante variável, com predomínio de 2 a 4 movimentos em cinco minutos. O animal mais jovem chegou a apresentar 7 movimentos/5 minutos, o que revela variação individual. O movimento do intestino delgado sofreu pouca alteração sendo classificado como grau 2, ou seja, normal, embora dois equinos tenham apresentado no período da tarde grau 3 em uma das avaliações, o que representa motilidade aumentada, e poderia ser um indício de cólica. No entanto esses animais não apresentaram qualquer sinal clínico de desconforto abdominal. A auscultação dos cólons revelou pouca variação entre animais, embora um animal demonstrasse tendência a hipomotilidade em duas auscultações realizadas no período da manhã, e outros dois a hipermotilidade em uma das auscultações registradas no período da tarde. Conclusão: o presente estudo revelou a existência de variação individual na motilidade cecal, com menor variabilidade dos borborigmos das demais regiões intestinais avaliadas por auscultação. Esses resultados devem ser considerados ao se examinar o trato digestório de um equino suspeito de desconforto abdominal. |